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Enviada em: 30/10/2017

Nos grandes romances do século XIX, o suicídio parecia ser uma alternativa para as heroínas que, desesperadas, recorriam à morte como única saída, como na obra “O Guarani”, de José de Alencar, em que uma das personagens suicida-se após a morte de seu amado. Fora do contexto literário, a problemática é persistente na sociedade brasileira em função da isenção coletiva em negar o assunto, além do desinteresse público em oferecer programas preventivos, contribuindo para a cristalização do problema.  Primeiramente, cabe elencar que a padronização e a individualização da sociedade moderna impulsionaram a manutenção do problema ao criar uma ditadura da felicidade, em que os sentimentos humanos como a angústia e a tristeza são repelidos, sendo, inclusive, passíveis de medicalização. A ideia de tratar as emoções humanas com medicamentos reflete o desinteresse da sociedade em discutir e tratar as causas do suicídio, contribuindo, assim, para o silenciamento do assunto. Desse modo, a visão compartilhada de que o suicídio é motivo de vergonha e condenação, fatores que legalizam o assunto como tabu, comprova a ausências de laços e redes capazes de proporcionar acolhimento ao sujeito e sua tristeza.  Segundo Émile Durkheinm, o suicídio é resultado do meio social que circunda o ser. Nesse sentido, as opressões sociais, como o bullying e a homofobia, demonstram que o assunto não deve ser tratado de forma individual. Ademais, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídio podem ser evitados quando há oferta de ajuda. Entretando, a carência de um atendimento público especializado, capaz de discutir e cuidar do problema, aliado a falta de educadores preparados, evidencia o desinteresse governista em tratar o autocídio como um problema de saúde pública.   Torna-se evidente, portanto, que a redução dos casos de suicídio envolve, necessariamente, a prevenção. Nesse sentido, a mídia televisiva, devido ao seus poder de difusão de informações, deve inserir em suas telenovelas personagens que conseguiram se libertar da ideia de suicídio com o apoio das famílias e de ONGS, com a finalidade promover o debate. Desse modo, assuntos antes ocultos, poderão ser discutidos e tratados de forma responsável. Paralelamente, é função do Ministério da Educação, abrir vagas de especialização em suicidologia, destinadas a profissionais tanto da saúde como da educação, tornando-os hábeis a lidar com o assunto e sua prevenção. Nessa conjuntura importantes passos serão trilhados em direção ao combate desse silenciosos mal.