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Enviada em: 31/10/2017

O Romantismo foi um movimento artístico que valorizava a subjetividade e a visão de mundo centrada no indivíduo e "Os Sofrimentos do Jovem Werther", de Goethe, foi um marco dessa estética literária. Tal qual diversas publicações da época, a obra alemã abordava os anseios, as frustrações e as paixões de um jovem burguês que comete suicídio. O livro causou empatia na juventude europeia, uma vez que conviviam com dilemas semelhantes aos do personagem principal, e, como resultado, uma onda de suicídios assolou a Europa. Entretanto, o tema não deixou de ser abordado pela arte, sendo a série "13 Reasons Why" o estopim para que o suicídio voltasse a ser pauta de debates.         Assim como a vida de Werther perde o sentido quando sua amada casa-se com outro, a sensação de estar sem saída costuma ser o gatilho para jovens adultos que não conseguem solucionar grandes problemas em suas vidas. O desemprego, os obstáculos da vida acadêmica e o isolamento social influenciam indivíduos que já possuem algum transtorno mental a optar por esse caminho. De acordo com o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, as crises econômicas e o desemprego aumentam o risco de suicídio e de mortes decorrentes do abuso de álcool. Portanto, a situação configura-se como o que Durkheim chamou de suicídio anômico. Sob seu ponto de vista, durante as crises há um caos social, o que leva pessoas a perderem suas riquezas e escolherem o autocídio.         No entanto, o suicídio não é uma questão restrita à vida adulta. Inúmeras crianças e adolescentes, são constantemente expostas a abusos físicos e psicológicos, como o bullying e a violência doméstica, levando-as a casos severos de depressão. Além disso, é nessa fase da vida que muitos descobrem pertencer ao espectro LGBT, o que contribui para o desenvolvimento de tendências suicidas. Conforme o programa "13 Reasons Why" ganhava notoriedade e os adolescentes que se identificavam com o sofrimento de Hannah Baker, a busca por temas relacionados ao suicídio aumentou. Segundo a assessoria de imprensa do Centro de Valorização da Vida, houve um aumento de 445% no número de e-mails com pedido de ajuda. Entre essas mensagens, 50 citavam o seriado.       Em suma, pode-se perceber que a arte possui o papel fundamental de discutir e provocar a reflexão sobre temas que são considerados tabus. Todavia, o papel de prevenção cabe à psicologia. O Conselho Federal de Psicologia deve estabelecer uma parceria com o Ministério da Educação, para que todas as escolas possuam psicólogos estritamente voltados para assegurar a saúde mental dos estudantes, por meio de sessões terapêuticas, sempre que requisitados. Ademais, por intermédio do Ministério do Trabalho, o CRF pode garantir que as empresas também possuam profissionais responsáveis por essa área. Assim, a prevenção será mais eficaz.