Materiais:
Enviada em: 31/10/2017

Na obra literária alemã “Os sofrimentos do jovem Werther”, de Johann Goethe, o protagonista, Werther, encontra no suicídio uma forma de livrar-se das dores de um amor não-correspondido. Lamentavelmente, na época, a temática de infelicidade aliada ao final trágico do livro influenciou os leitores juvenis do século XVIII, que inclusive passaram a ver a morte como uma forma de libertação, seguindo o exemplo do personagem. Nesse sentido, percebe-se que o suicídio entre os jovens é um tema decorrente desde os séculos passados, até mesmo no Brasil, o que evidencia a urgência de alteração deste cenário preocupante.    Em um primeiro plano, é importante ressaltar que a depressão – patologia que em grande parte das vezes antecede o suicídio- não é vista com seriedade por grande parte da população. Sob tal ótica, sabe-se que essa doença atinge os mediadores bioquímicos envolvidos na condução dos estímulos através dos neurônios, atuando para que o ser se sinta desestimulado, triste e com baixa autoestima. No entanto, há pais que, sem o conhecimento desses sintomas, não se atentam às atitudes e lamentações dos filhos, e o assunto muitas vezes é tido como “frescura” pela família. Assim, é de fundamental relevância um maior acompanhamento parental e preventivo ao suicídio.   Outrossim, vale salientar esse ato como um fato social, dotado de exterioridade, coercitividade e generalidade.Segundo Emile Durkheim, sociólogo francês, cada sociedade possui, a cada momento da sua história, uma atitude definida em relação ao suicídio. De maneira análoga, é possível perceber a existência de um padrão em relação as causas dessa ação, e estas, frequentemente, estão ligadas à falta de integração social do suicida no meio coletivo. Dessa forma, a escola pode se tornar um cenário favorável no que se refere ao fortalecimento do comportamento autodestrutivo, já que com a rejeição ocasionada pelo bullying e agressões verbais e físicas àqueles que se reconhecem como gays, por exemplo, o suicídio lhes convém como uma escapatória às opressões que os rodeiam.    Nota-se, portanto, que o suicídio se tornou um problema de saúde pública no Brasil. Logo, por meio de um curso, cabe ao Ministério da Educação, juntamente ao Ministério da Saúde, identificar os fatores de risco, estabelecendo linhas que estimulem a autoestima dos adolescentes e criando espaços de diálogos para eles sobre a fase da adolescência, estimulando também a integração e socialização dos alunos a fim de combater possíveis preconceitos que incitam atitudes hostis nas salas de aula. Por fim, compete à mídia usufruir de seu poder persuasivo para campanhas de valorização à vida e o incentivo à procura de auxílio, bem como a abordagem da depressão em suas ficções engajadas, alertando pais e responsáveis sobre essa doença ainda subestimada na sociedade brasileira.