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Enviada em: 10/03/2018

Albert Camus, filósofo francês, escreveu certa vez, que o suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia. No Brasil, essa situação que durante muitos anos passou despercebida, começa a ganhar destaque na sociedade. Entretanto, é imprescindível atentar para a deficiência das instituições contemporâneas, em destaque a escola e a família, que comprometem a formação identitária desses jovens brasileiros.   Antes de tudo, a negligência da escola brasileira pode criar danos irreversíveis à psique humana, ocasionando, inclusive, situações chocantes de violência. Sob tal visão, a chacina de Realengo, acompanhada pela mídia, mostrou um cenário no qual um jovem que sofreu bullying na infância - na mesma escola onde atirou em alunos e professores - tem seu momento de vingança social e, depois, se mata.    Outro aspecto importante da problemática consiste às estruturas familiares modernas. Nessa assimilação, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman determina ações líquidas - as quais são regidas pelo individualismo e ausência de diálogo - como um aspecto definidor do funcionamento das sociedades modernas. Logo, intrinsecamente relacionado à família, a falta de interação entre pais e filhos pode ser um fator determinante para o desenvolvimento de doenças psíquicas dos mais novos que, inexperientes, são mais suscetíveis a cometer autocídio. Sendo assim, prevenir é a única forma de tratamento, uma vez que é impossível remediar a morte. Portanto, urge o Ministério da Educação intensificar os debates sobre bullying em todas as instituições de nível fundamental e médio, mediante a contratação de psicólogos, a fim de amenizar os efeitos nocivos dessa prática. Ademais, o Governo, por meio de programas televisivos, deve abordar, de acordo com as condições da Organização Mundial da Saúde, o tema suicídio, considerado um verdadeiro tabu, para que esse assunto, bem como as crises em adolescentes seja mais naturalmente abordadas em conversas familiares.