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Enviada em: 03/04/2019

Na Grécia antiga, durante os jogos olímpicos, realizados na cidade de Olímpia, as guerras e as disputas entre as Cidades-Estados e entre os cidadãos eram paralisadas, mesmo que momentaneamente. Hodiernamente, na contramão da prática grega de não agressão, o esporte no Brasil caracteriza-se pela presença constante da violência dentro e fora dos estádios e entre os torcedores. Tal realidade parece reflexo do despreparo do poder público para lidar com esses atos criminosos, bem como, da intolerância social contemporânea, o que vilipendia direitos dos torcedores brasileiros e eleva os casos de agressão no país.         Diante disso, é indubitável que as questões legais e sua aplicatividade esteja entre as causas dessa problemática. De acordo com Aristóteles, em sua obra "Ética à Nicômaco", a política deve ser usada de modo a garantir o bem-estar do corpo social. No entanto, observa-se que tal ideal não é devidamente praticado pelos entes federativos brasileiros, haja vista que, a despeito do Estatuto do Torcedor - lei que garante a segurança como direito da torcida - a maior parte dos estados e municípios do país não possuem um contingente policial especializado para lidar com as massas durante os torneios esportivos, segundo o jornal El País. Esse fato, aliado a desaparelhagem do quadro policial nacional, dificulta a adequada proteção da torcida, alijando seus direitos, ante ao descaso público.       Outrossim, a escassez de programas e políticas públicas preventivas à intolerância no esporte, agrava tal quadro no Brasil. Segundo Zygmunt Bauman, filósofo polonês, em seu livro "Modernidade Líquida", as sociedades contemporâneas caracterizam-se pela fugacidade das relações sociais entre seus membros, provocando o individualismo e a intolerância. Seguindo essa linha de pensamento, o Governo e a sociedade brasileira, ao não adotarem medidas que estimulem o respeito à diversidade de opiniões e de preferências esportivas nas escolas e  nas mídias, proporcionam a manutenção da austeridade presente no corpo social. Como resultado disso, multiplicam-se os casos de agressão física e verbal entre as torcedores brasileiros - o Brasil é recordista em mortes devido a rixas no futebol.       Dessa forma, urge que o Estado brasileiro tome medidas diligentes que mitiguem a violência no esporte e combatam suas causas. Destarte, o Ministério da Segurança Pública deve, junto aos estados e municípios, promover a formação de quadros policiais especializados em eventos esportivos, por meio de programas de capacitação policial fornecidos pelas secretarias de segurança estaduais e municipais, a fim de garantir a proteção e o bem-estar das torcidas. Por fim, o Ministério da Educação e as mídias devem, mediante oficinas nas escolas e campanhas publicitárias, incentivar a tolerância às diferenças de opinião, para promover a paz no esporte, tal como fizera os gregos.