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Enviada em: 21/04/2019

Desde a Idade média, os atos de violência eram associados a manifestações de imposição e poder. Nesse cenário, os jogos do Coliseu, entre os gladiadores, sucediam ao público a afeição à brutalidade baseada nos valores culturais. Hordienamente alguns indivíduos ainda refletem esses traços na competição esportiva, como fazem muitos torcedores brasileiros em relação às violência no esporte. De fato, tal problemática é retrato de uma realidade distópica e aviltante no sentido da humanização, ocasionada seja pelo meio social, seja pela influência midiática.    Essa violência aflora, como vetor fundamental, de uma sociedade às avessas. De acordo com Hannah Arendt, na sua teoria "Banalidade do Mal", a violência, por estar tão concretizada na sociedade, acabou por ser normalizada. Ao se fazer paridade com a hostilidade vista em eventos esportivos, tal teoria se concretiza uma vez que essa problemática é algo que torcidas se orgulham, e acaba por demonstrar autoridade sobre a adversária, facilmente percebida em conflitos entre torcedores em estádios de futebol. De fato, com a permanência de tal selvageria, não há "conflitos" e sim um crime legitimado em tais eventos.    Além disso, a mídia omissa corrobora esse processo. Para o escritor Português, José Saramago, há uma tendência de ignorância social, e nessa tendência os meios de comunicação têm responsabilidade. Quando se tematiza sobre a inflamação em eventos desportivos não é diferente, pois a mídia demonstra desinteresse sobre tal questão, não expõe o quanto deveria ser exposta tal atrocidade, e acaba por fomentar a perpetuação desse processo. Ora, se não há denúncia, não há mudança, resta a persistência do caos.     Refletir sobre a violência no esporte brasileiro se torna necessário. Urge que o Estado execute processos administrativos por intermédio de leis para eventos esportivos, crie novas regras de segurança que clubes devam seguir a fim de diminuir casos de selvageria. Ademais, é necessário que o núcleo familiar ensine as crianças a não se divertirem com a violência, por meio de jogos que não utilizem desse meio e conversas que criem total aversão ao desrespeito objetivando criar adultos conscientes do seu papel social. Para que assim, a realidade não seja apenas mais uma repetição do passado. Afinal, "mais do que punir, ensinar" alertou Carolina Ferreira.