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Enviada em: 23/06/2019

Segundo Jigoro Kano, fundador do judô, a essência do esporte não está na pontuação atingida, mas nos esforços despendidos para alcança-lá. Contudo, na contemporaneidade, essa essência parece estar distorcida, haja vista a violência no esporte brasileiro ao final de jogos desportivos, por exemplo. As causas para essa violência são variadas, dentre elas podemos citar a obsessão pela imagem e a intolerância que têm como consequências agressões físicas e psicológicas no âmbito do esporte.       Primeiramente, é necessário entender como a busca pela imagem intacta de vencedor contribui para a intolerância no esporte brasileiro. De acordo com Guy Debord, em sua obra "Sociedade do espetáculo", a imagem é hodiernamente supervalorizada nas relações sociais. Nesse contexto, a intolerância, quando aliada ao fanatismo dos torcedores, não abre brechas para a possibilidade de derrota do seu atleta ou time favorito, pois isso é como uma humilhação. Assim, a concepção distorcida do esporte como meio de ganho de status social afeta a sua capacidade de ser um entretenimento saudável, uma vez que constrói uma competição obsessiva pela vitória.        Por conseguinte, são geradas inúmeras formas de violência nos estádios brasileiros. Agressões físicas e psicológicas. Morte de parentes e amigos. Esses são alguns dos resultados decorrentes da intolerância esportiva. Com efeito, o esporte como fator de inclusão social é extinto, à medida em que há o desrespeito à integridade física e aos gostos dos torcedores. No Brasil, essas consequências intensificam-se também devido à impunidade dos agressores, constituindo problemas até para as pessoas não envolvidas nas brigas. Dessa forma, são necessárias medidas que reduzam a intolerância da população, a fim de extinguir esse cenário drástico de agressividade.       Infere-se, portanto, que a visão errônea de superestimação da imagem e a intolerância quanto ao esporte brasileiro prejudicam o entretenimento e a saúde dos torcedores ao produzirem a violência. Nesse sentido, urge que os clubes esportivos, em conjunto com profissionais da área da sociologia, promovam mensalmente debates nos estádios e clubes acerca da intolerância presente nos jogos. Mediante a exposição da opinião dos torcedores, essa ação tem a finalidade de expandir a consciência dos indivíduos quanto a necessidade de respeitar os interesses do próximo, ao contato com diferentes posições. Além disso, é necessário que esses clubes façam palestras sobre os perigos do fanatismo na sociedade brasileira. Essas palestras podem ser realizadas em parques, buscando atingir tanto adultos quanto idosos e têm o fito de amenizar a obsessão pela imagem. Desse modo, o objetivo de inclusão social do esporte pode ser resgatado, ao haver o respeito mútuo e a valorização dos esforços dos atletas até na derrota, sem a preocupação com o próprio status social.