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Enviada em: 01/05/2019

Promulgado pelo governo inglês no final da década de 90, o Relatório Taylor serviu de referência para o mundo ao conseguir conter a crescente de violência nos estádios de futebol na Inglaterra. Conquanto, os atuais casos de brutalidade envolvendo torcedores nos jogos brasileiros demonstram que o país pouco aprendeu com as experiências passadas pelos europeus. Diante dessa perspectiva, cabe avaliar os fatores que favorecem esse quadro.        Apesar de lograr o título de único país pentacampeão na modalidade, basta uma visita aos campos e arquibancadas para saber que o Brasil está longe de ser campeão em infraestrutura. A arquitetura arcaica dos estádios é visível em muitos pontos: desde a falta de numeração nas cadeiras à quantidade reduzida de entradas e saídas - que, além de escassas, são mal sinalizadas. Como agravante, observa-se, ainda, a desorganização quanto a entrada de torcedores com materiais perigosos, como armas de fogo e armas brancas.        Essa afirmativa encontra respaldo nas pesquisas do sociólogo Maurício Murad, segundo o qual, nos últimos 25 anos, mais da metade das mortes decorreram de disparos e cerca de meia centena por agressões e facadas. Todos esses fatores corroboram para que o Brasil seja considerado o país com mais mortos em estádios de futebol no mundo. Importante ressaltar, ainda, o envolvimento cada vez maior de jovens em tais episódios, principalmente de integrantes das torcidas organizadas, e a dificuldade apresentada pela polícia ao tentar frear a crescente de violência dentro dos gramados.        Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para combater essa problemática. Nesse sentido, uma boa alternativa seria a criação de uma lei através da qual os clubes devessem direcionar uma porcentagem de seus lucros para investir na qualidade dos estádios, com melhoria na quantidade, sinalização e fiscalização das entradas e saídas e numeração dos assentos, a partir de tecnologia de reconhecimento biométrico dos torcedores para facilitar a identificação e controle da capacidade comportada na arquibancada. Concomitantemente, é importante que a polícia treine seus agentes para que possam exercer suas funções dentro e fora dos gramados, desde medidas preventivas como a revista dos torcedores na entrada à contenção das brigas nas arquibancadas. Além disso, é interessante que as medidas punitivas aos que promoverem violência nos jogos sejam mais efetivas. Por fim, cabe às famílias e a sociedade educar seus filhos para serem disseminadores da paz no futebol, debatendo o tema em casa através da cartilha do torcedor que pode, também, ser distribuída pelos clubes ou facilmente encontrada na internet.