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Enviada em: 03/04/2019

Autodiagnóstico e automedicação       No final do século XX, o espaço geográfico passou de técnico-científico para técnico-científico-informacional, de acordo com o geógrafo Milton Santos. Isso significa que, com o advento da internet, a informação passou a ter papel preponderante na vida das pessoas. Contudo, o mau uso dessa ferramenta pode ser prejudicial, como no caso em que pessoas buscam resolver questões relacionadas à saúde pelo mundo virtual. Esse hábito pode se transformar em uma doença denominada “Cibercondria” e agravar a questão das superbactérias na sociedade.        Nos últimos anos, observa-se uma tendência crescente de pessoas que usam plataformas de pesquisa na internet para sanar dúvidas relacionadas à saúde. O acesso às informações disponibilizadas, sem uma orientação profissional, faz com que a pessoa tire conclusões precipitadas e errôneas. Isso causa pânico no indivíduo, e este passa a buscar meios de “se curar”, o que caracteriza a “Cibercondria”. Um desses meios é a automedicação, que, muitas vezes, pode gerar doenças ou agravá-las, pois a possibilidade de se cometer erros é muito alta. De acordo com o Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 70% dos brasileiros realizam a automedicação diariamente.        Esse alto índice de pessoas que se automedicam representa uma grande ameaça a um dos maiores problemas de saúde pública atuais: as superbactérias. Segundo a professora e médica da Universidade de São Paulo (USP), Maria Rita, o uso irresponsável de remédios favorece o aparecimento de bactérias capazes de resistir aos medicamentos. Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) indicam que, em 2012, nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), houve mais de 10.000 casos de pessoas que apresentavam bactérias resistentes no organismo, e esse número tende a crescer, tendo em vista que o número de pessoas conectadas à rede é cada vez maior.       Destarte, faz-se necessária uma intervenção governamental urgente, com o intuito de amenizar esses problemas. O Ministério da Educação, em parceria com o da saúde, deve fomentar o projeto “Saúde nas Escolas”, de modo que ele abranja todas as escolas do país e leve conhecimento acerca dos perigos de se realizar autodiagnósticos pela internet e da importância dos profissionais da saúde, através de debates e palestras, de modo a tornar os estudantes mais conscientes. Concomitantemente, o governo deve se empenhar em cumprir a fiscalização e o controle da venda de medicamentos, incentivando, por meio de propagandas na televisão e nas redes sociais, a população a denunciar à ANVISA qualquer irregularidade encontrada em farmácias, como a venda de remédios sem receita e a ausência de farmacêutico no estabelecimento, dificultando a prática de automedicação.