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Enviada em: 17/05/2019

A série americana “The Resident” mostra o dia a dia de médicos residentes em um hospital e diversos casos clínicos da medicina. Em um deles, uma mulher chega ao pronto-socorro queixando-se de estar com câncer, pois erroneamente concluiu pela internet que os sintomas que sentia eram os mesmos de uma pessoa em um quadro de metástase. Fora da obra ficcional, pode-se afirmar que casos como esse têm sido frequentes, uma vez que a ansiedade sobre o estado de saúde e o fácil acesso a informações sobre doenças é uma realidade no cotidiano das pessoas e isso deve ser analisado com cautela e atenção. Em primeiro plano, é importante observar as causas para o crescente fenômeno da cibercondria. Sob esse ângulo, a 4ª Revolução Industrial – denominação desenvolvida pelo engenheiro alemão Klauss Schwab ao conjunto de transformações tecnológicas –, fomentou a criação da World Wide Web que possibilitou o infindável acesso a informações atualmente. Aliado à substanciais aparecimentos de doenças psicológicas, como a ansiedade, essa ampla obtenção de dados sobre enfermidades pode fazer com que os indivíduos posterguem consultas médicas, haja vista que se “autodiagnosticam” online. Assim, o mau uso da internet para analisar informações médicas e o ato das pessoas ansioso de examinarem a si mesmas é uma das causas para o fenômeno da cibercondria, que se mostra um problema alarmante na contemporaneidade. De outra parte, evidencia-se que a hipocondria virtual pode trazer consequências negativas para toda sociedade. Nesse sentido, é comum que os indivíduos realizem o consumo independente de medicamentos após, equivocadamente, identificar que seus sintomas são análogos a de doenças sérias. Assim, a administração irrestrita de remédios pode favorecer o surgimento de superbactérias. Nesse contexto, a presença de antibióticos em dose inadequada e sem orientação médica permite a multiplicação de bactérias e, de acordo com as teorias neodarwinianas, é capaz de selecionar o procarionte mais resistente e dificultar o tratamento de doenças. No entanto, enquanto a automedicação se mantiver – decorrente da cibercondria – o Brasil será obrigado a conviver com um dos problemas mais graves para a saúde da população: as superbactérias. Urge, portanto, que casos similares ao da série “The Resident” não se propaguem na sociedade. Nesse sentido, a Agência Nacional de Saúde Suplementar deve, por meio das mídias televisivas e das mídias sociais, veicular conteúdos capazes de abordar sobre a hipocondria após acesso de informações na internet, a fim de esclarecer sobre as consequências maléficas desse fenômeno, que por mais que seja frequente, não é reconhecido pela sociedade. Além disso, é essencial que o Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação realize palestras e debates em escolas públicas e particulares sobre a hipocondria e a automedicação e seus efeitos na sociedade, para que desperte o senso crítico dos jovens ao repudiar autodiagnosticos e a administração autônoma de remédios.