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Enviada em: 23/05/2019

A criação da internet durante a Guerra Fria possibilitou a ampliação de informações que, antes, eram monopolizadas por aqueles que tinham condições econômicas para o seu acesso. Nessa circunstância, os médicos deixaram de ser os possuidores absolutos de todo o conhecimento, já que, com essa nova invenção, os pacientes obtiveram uma ferramenta de pesquisa sobre diversos assuntos relacionados à área de saúde. Entretanto, no Brasil, conforme a psiquiatra Maria de Fátima Vasconcellos, há uma tradição de automedicação, fator que promove a distorção do uso dos meios tecnológicos em substituição a uma consulta médica, promovendo a cibercondria.       No raciocínio desse contexto, é perceptível que, hoje, com a globalização, a internet está disponível para todos, existindo somente no Brasil 122 milhões de usuários. Dito isso, conforme o teórico da comunicação, Marshall Mcluhan, a mídia não é apenas um canal passivo para o tráfego de conteúdos, ela também molda o processo de pensamento dos indivíduos. Portanto, com a abundância de informações, as pessoas ficam suscetíveis a acreditarem em sites não confiáveis e, concomitantemente, a formarem ideias errôneas. Desse modo, ao realizar uma pesquisa acerca de determinada doença, o sujeito se torna alvo de uma sobrecarga de dados, que podem ocasionar uma preocupação desnecessária, característica primordial para a hipocondria digital.       Somado a isso, de acordo com uma reportagem realizada pelo Fantástico, em 2016, a cada 20 consultas feitas ao Google, uma é a respeito de saúde. Assim, essa busca por informes torna-se prejudicial quando colocada à frente de um atendimento especializado, caso comum na sociedade brasileira, pois, de acordo com o teórico em economia comportamental, Daniel Khneman, os seres são propensos a ignorarem fatos e eventos que exijam esforço maior para a compreensão e verificação. Logo, a persistência do comodismo em relação a falta de procura por uma orientação profissional e da aceitação alienada do que está na internet coloca em risco a saúde da população.        Visto que há uma visão idealizada por grande parte da sociedade brasileira no tocante às referências da internet quanto aos problemas de saúde, acreditando estarem sempre corretas, novas medidas devem ser feitas. Cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com o hospital Albert Einstein, ampliar o projeto já colocado em prática por essa instituição com especialistas do Google, em que definem-se na própria rede as doenças mais pesquisadas nela, citando os sintomas, as formas de transmissão e o tratamento com recomendação médica, por meio da implementação de verba pública, a fim de ofertar à toda a população informações com fontes confiáveis. Destarte, os cibercondríacos terão, pelo menos, noções seguras relativas a sua vitalidade.