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Enviada em: 26/07/2019

No final do século XX, as diversas descobertas tecnológicas, principalmente aquelas vinculadas à internet, modificaram os relacionamentos humanos e as formas com que as pessoas lidam com suas dificuldades, pois houve uma maior democratização do conhecimento e um acelerado fluxo de informações. Porém, junto a essas novidades, verifica-se um aumento dos casos de hipocondria, que, associados à rede virtual, convencionou-se chamar de cibercondria. Nesse sentido, é necessário analisar como a tecnologia ampliou esse quadro, assim como discutir seus efeitos sociais.    Inicialmente, vale resgatar o pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o qual afirma que as mudanças das últimas décadas geraram o ''medo líquido'' na população. Essa expressão simboliza um estado de tensão caracterizado pela insegurança diante das alterações das relações humanas. Isso se exemplifica quando o indivíduo entra em sua rede social e, desprovido de meios para filtrar o conteúdo, ele logo se convence, a partir de uma breve leitura, de que apresenta determinada doença, impactando sua estabilidade emocional. Além disso, ainda há o risco do internauta seguir o tratamento indicado virtualmente e ingerir medicamentos sem o acompanhamento médico.    Outro ponto relevante, nessa discussão, diz respeito às consequências dessa postura sobre as pessoas. Entre elas, cabe citar a possibilidade do hipocondríaco intoxicar seu organismo por meio da ingestão de remédios que não lhe são indicados, o que pode causar inúmeros problemas, como disfunções hepáticas e renais, distúrbios psicológicos e até mesmo a morte. Essa situação deve ser tratada com urgência, na medida em que uma pesquisa realizada pelo ICTQ (instituto de pós-graduação para profissionais do mercado farmacêutico) revelou que a cada dez brasileiros, oito se automedicam.     Assim sendo, infere-se a necessidade de mudanças por parte do governo. Logo, cabe ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) promover campanhas nas mídias televisivas, apresentando à população os riscos que envolvem a hipocondria, convencendo-a a nunca confiar em diagnósticos e tratamentos virtuais, sem o auxílio de um médico. Outra medida importante é que o MCTIC, em parceria com instituições privadas de checagem online, como a Agência Lupa, além das próprias redes sociais, a exemplo do Facebook, retire conteúdos sem comprovação científica que podem impactar a saúde do usuário. Com essas ações, é esperado que a cibercondria seja combatida.