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Enviada em: 26/04/2017

O Diálogo das Luzes        A liberdade de expressão é um direito que foi conquistado a duras penas e encontra-se estabelecido em nossa Constituição como cláusula pétrea. Tal liberdade é tão importante que muitas vidas foram ceifadas em defesa deste ideal. Mas não podemos confundi-lo nem desvirtuá-lo como formas de achacamento e violência verbal, utilizadas principalmente em um meio muito pouco regulado, a internet.            O filósofo iluminista Voltaire defendia, se necessário com sua própria vida, a liberdade de poder concordar ou discordar de uma ideia. Mas não podemos depreender com isso que nos é permitido fazer valer nossa opinião a qualquer custo, utilizando-se de estratégias intimidatórias e aproveitando-se da possibilidade do anonimato, em um ambiente cibernético muito pouco regulado.            É muito comum, por exemplo, vislumbrarmos nos jornais discussões banais no trânsito ou no bar que se elevam para discussões racistas e, por vezes, acabam em alguma situação trágica. Tal cena pode ser levada para dentro de fóruns de internet, nos quais a mesma intolerância de argumentos e violência ideológica é observada; uma arma na cabeça de alguém equaliza com uma avalanche de comentários cortantes e obtusos no cenário virtual, artimanhas que sufocam o diálogo e vão contra o objetivo do debate de opiniões.          Examinando-se as dificuldades históricas enfrentadas por muitos até consolidarmos a liberdade de expressão como um direito universal, percebemos como imperativa a revisão deste contexto. Observatórios especializados em redes sociais e serviços de postagem de vídeos deverão ser criados por ONGs, facilitando a identificação de comentários discriminatórios e dos "hackers" ideológicos, sendo levados ao conhecimento do Ministério Público casos mais graves. Grandes anunciantes e patrocinadores deverão retirar seu suporte aos vídeos declaradamente xenófobos, homofóbicos e contrários aos Direitos Humanos, recorrentemente presentes nos serviços de "streaming". Finalmente, campanhas fomentando o diálogo e a tolerância às opiniões poderão ser idealizados pelo Poder Público, em parceria com organizações civis e divulgadas na própria internet. Com isso, continuaremos com o direito de defender e publicar nosso ponto de vista, seremos respeitados mas também respeitaremos um ao outro, principalmente em um ambiente virtual verdadeiramente ilustrado e eticamente fortalecido.