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Enviada em: 18/10/2019

"Só falta alguém espremer esse jornal para sair sangue". A priori, na música "Jornal da Morte" de Roberto Silva, note-se uma crítica à valorização da veiculação de notícias violentas. Diante disso, percebe-se que a espetacularização da violência na mídia brasileira configura um sério problema e com graves consequências, como o desenvolvimento de indivíduos mais agressivos, e também a questão da banalização da morte. Desse modo, medidas devem ser tomadas para combater os efeitos nocivos dessa prática para a população.    Primeiramente, segundo estudo publicado pela "American Medical Association", nos Estados Unidos, a exposição de crianças à violência na televisão pode acarretar no desenvolvimento de comportamento agressivo, principalmente, por conta delas apresentarem um baixo juízo de valor, e absorverem grande parte das informações que lhe são apresentadas. Assim, fica evidente a toxidade para a juventude dos noticiários que exploram a crueldade em troca de audiência, e como isso pode afetar o futuro brasileiro, uma vez que esses crescem com uma visão negativa de mundo. De certo, segundo o pesquisador David Buckingham cabe aos pais a seleção do conteúdo dos filhos, no entanto, o governo também necessita tomar medidas para combater esse fato.    Além disso, segundo o jornalista "Reinaldo Azevedo", em uma coluna da "Revista Veja" - a vida humana parece ter menos valor a cada dia - e é inquestionável a colaboração da grande mídia para esse fato, pois com filmes cada vez mais violentos somados a reportagens demasiadas expositivas e insensíveis colaboram para normalização da morte. A exemplo disso, tem-se a operação policial que ocorreu no complexo do Alemão em 2010, onde os canais de notícias simplesmente transmitiram ao vivo aos policiais alvejarem os traficantes, ou seja, esse tipo diário de imagem contribui para que as pessoas se tornem mais insensíveis e indiferentes para o sofrimento alheio, e assim favorece o crescimento da violência.     É necessário, portanto, que o Estado atue para mudar esse cenário. Então, cabe ao Ministério da Propaganda proteger os jovens e as crianças, por meio de propagandas as quais conscientizem os pais a terem maior controle sobre o conteúdo assistido pelos filhos na televisão, com intuito de diminuir a exposição deles a violência. Além disso, cabe ao Ministério da Comunicação conter o excesso da valorização e exibição de notícias que exploram atos de brutalidade, por intermédio da criação de um Marco Regulatório da Comunicação, o qual estabeleça limites para veiculação de imagens e videos de violência extrema em canais abertos, com o objetivo de impedir a banalização de morte.