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Enviada em: 16/10/2018

O poder econômico oriundo da monocultura do café perpassou o Império e a República Velha, perdurando até meados do século XX. Nesse período, o Brasil manteve-se majoritariamente rural. No Governo Vargas, contudo, iniciou-se a industrialização do país, que promoveu o incipiente processo de migração urbana. Paradoxalmente, a reboque do progresso, emergiu uma nova problemática: a ocupação urbana desordenada. Convém, então, analisar algumas consequências atuais desse fenômeno.           Como desdobramento inicial da precária ação do poder público na organização dos espaços urbanos, pode-se assinalar a segregação da população que compõe o estratos sociais mais baixos. Como não detém recursos financeiros para adquirir uma moradia na porção central dos municípios, tal parcela da sociedade vê-se obrigada a procurar habitações em regiões periféricas, a despeito de que a maior parte das vagas de trabalho encontram-se na região central. Com isso, geram-se movimentos pendulares, que consome muitas horas do dia dos operários, tolhendo-lhes a possibilidade empregá-las em atividades mais prazerosas.        Ademais, também se percebe desiquilíbrio na oferta de serviços públicos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, dois dos principais parques do município, Ibirapuera e Villa Lobos, estão localizados em áreas nobres. Ou seja, embora o pobre contribua percentualmente mais ao erário, visto que no Brasil a tributação se dá essencialmente sobre o consumo, são as classes mais abastadas que se beneficiam dos bens de lazer – é a institucionalização da desigualdade.         Cabe, portanto, aos municípios elaborar planos diretores com diretrizes que privilegiem a distribuição mais equânime dos recursos públicos, de modo que áreas com maior densidade populacional recebam mais recursos. Além disso, é fundamental, por meio de isenção de tributos municipais, incentivar a criação de empresas nas periferias, como forma de mitigar os deslocamentos populacionais diários. Atenuar-se-ia, assim, as consequências do crescimento urbano desordenado.