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Enviada em: 16/10/2018

Lima Barreto, em “Os Bruzundangas”, ilustrou uma problemática nação que satirizava o Brasil do século XX. Esse país fictício apresentava problemas como uma certa ineficiência do poder público, ocasionando uma desordem urbana. Passado quase um século, seria razoável que a obra do autor pré-modernista não fosse tão parecida com o Brasil hodierno. Todavia, não é o que acontece quando se observa a ocupação urbana no contexto atual. Com efeito, é necessário entender os porquês dessa problemática, os quais estão relacionados a fatores políticos e educacionais.  Inicialmente, destaca-se o plano político da adversidade. De fato, como bem ilustrou Max Weber, o Estado, teoricamente, possui monopólio da justiça e da equidade, o que garante bem-estar social. Contudo, ao falhar ou tardar em cumprir sua função social, esse agente pode ser visto por muitos como ineficiente ou conivente, posto que, conforme dados do IBGE, cerca de 45% da população nacional reside em áreas de risco, o que estimula tragédias. Por conseguinte, ao não cumprir seu papel, o Estado perde o autocontrole da isonomia, causando fenômenos como segregação espacial, já presente no tempo de Lima Barreto.  Outrossim, há a dimensão cultural da questão.Thomas Hobbes definiu que o homem, em seu estado natural, está em constante conflito e guerra, cabendo ao governo e à educação salvaguardarem a proteção. Entretanto, a formação escolar brasileira não trata de forma aprofundada os dominios naturais, tangenciando-a em poucas aulas de ciências humanas, devido à existência de outros conteúdos extensos. Consequentemente, indivíduos sem uma formação sólida sobre prudência podem vir a sofrer desastres ocasionadas com as próprias mãos quando em momentos de temporal e desolação nas ruas, regredindo ao estado de conflito hobbesiano.  Torna-se cristalina, dessa forma, a necessidade de se intervir nesse problema. Para tal, é necessária mudança na estrutura educacional e política. Logo, as escolas devem abordar com mais atenção os aspectos da equidade. Mais detalhadamente, aulas de sociologia e geografia, com participação de geográfos,definindo aspectos físicos e naturais, além de abordarem Max Weber e Thomas Hobbes ,podendo ser usadas para propor discussões mediadas pelos professores, o que incutirá nos alunos o ideal assimilativo de paridade. Os indivíduos, por sua vez, devem reivindicar condições mínimas de moradia, por meio de debates nas mídias sociais, a fim de garantir uniformidade social e, assim, diminuir as semalhanças com Bruzundangas.