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Enviada em: 05/08/2017

Brasil: um país do futuro     Stefan Zweig, ao se refugiar no Brasil para fugir do Nazismo europeu, ficou impressionado com o potencial da nova casa e escreveu um livro cujo o título é, até hoje, repetido:"Brasil, país do futuro". No entanto, quando se observa os desafios da mobilidade nas metrópoles brasileiras, percebe-se que esse futuro ainda não chegou. Com isso, as consequências da ocupação urbana desordenada se tornaram uma problemática que, além de se encontrar intrinsecamente ligada à realidade do país, é consideravelmente nociva à vida em comunidade.        Em primeiro plano, é indubitável que o processo de industrialização tardia está entre as causas do problema. Devido à modernização técnica do trabalho rural, com a substituição do homem pela máquina e a estrutura fundiária concentradora, ocorreu um crescente êxodo rural no século XX, o qual não foi acompanhado por políticas de planejamento público, originando inchaços urbanos nas regiões industriais. Assim, a favelização, o desemprego e a criminalidade, resultantes do despreparo municipal em atender às necessidades básicas desse contingente populacional, passaram a ser inerentes às grandes cidades brasileiras.         Sob a ótica apresentada, destaca-se, também, os transtornos da mobilidade urbana como uma das consequências da urbanização desenfreada. O fenômeno da gentrificação, sucedido, principalmente, nas áreas centrais, forçou um crescimento periférico dos municípios em direção aos subúrbios, cuja infraestrutura é, até os dias atuais, precária e o acesso aos modos de transporte eficientes é limitado. Portanto, os cidadãos, dependentes da migração pendular diariamente, são vítimas de um estresse constante que pode afetar diretamente sua qualidade de vida.          Torna-se perceptível, por conseguinte, que a ocupação urbana desordenada gerou conflitos na relação dos indivíduos com seu meio de interação social. Logo, para modificar esse cenário, é fundamental que a sociedade civil organizada exija do Estado, por meio de manifestações, a observância dos problemas sociais oriundos da má administração de questões estruturais do país, com o objetivo de reivindicar melhorias que auxiliem na mitigação da marginalização dos menos favorecidos. Ademais, é dever do Governo Federal, em conjunto com a esfera municipal, o investimento tanto em meios de transporte alternativos, como ciclovias, quanto na ampliação de ferrovias, para que haja uma maior oferta de possibilidades de locomoção, atenuando assim o trânsito caótico das cidades. Dessa forma, quem sabe, a profecia de Zweig se torne realidade no presente.