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Enviada em: 28/04/2019

De acordo com dados da ONG Safernet, oito em cada dez crianças brasileiras têm acesso à internet. É nesse contexto de grande inserção infantil na rede digital que o controle parental quanto ao uso dessa tecnologia na prevenção dos perigos virtuais, sem invadir a privacidade infantil, torna-se um desafio para os pais. Nesse sentido, o desconhecimento de parte da população a respeito da existência e do funcionamento dessas ferramentas de supervisão pueril, bem como o distanciamento entre pais e filhos, característica contemporânea, potencializam essas dificuldades.      Em primeira análise, deve-se ponderar a escassez de diálogo sobre tal temática nas escolas brasileiras. Para Anísio Teixeira, intelectual brasileiro, a escola é responsável também pela construção de atitudes. Nessa perspectiva, as instituições de ensino, ao não abordarem com os discentes e suas famílias a importância e o funcionamento das ferramentas virtuais que auxiliam na prevenção das ameças digitais voltadas para as crianças, a exemplo dos aplicativos ofertados pela empresa Google, possibilitam a manutenção do desconhecimento familiar quanto a existência desses instrumentos protetivos. Como consequência disso, os pais tornam-se mais alheios às atividades dos filhos na internet, atitude comum na sociedade brasileira, o que torna as crianças mais suscetíveis às ações de criminosos nas redes sociais, como os pedófilos, segundo a Safernet.            Outrossim, o distanciamento familiar contemporâneo agrava tal quadro. De acordo com Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, em sua obra "Modernidade Líquida", a fugacidade das relações sociais no mundo moderno afasta o indivíduo de suas instituições norteadoras. Nesse contexto,  a falta de conversa entre pais e filhos, prática comum da "Modernidade" proposta pelo sociólogo, dificulta a orientação parental quanto ao uso seguro dessas mídias pelas crianças, reduzindo a capacidade crítica do público infantil para identificar os perigos da internet, o qual passa a visualizar nessas medidas protetivas, frequentemente impostas, uma forma de invasão de sua privacidade.           Dessa forma, urge que o Estado brasileiro, junto a instituições civis, tome medidas que promovam a reflexão e o conhecimento sobre os meios de controle parental quanto ao uso da internet. Destarte, o Ministério da Educação e ONGs devem incentivar o diálogo nas escolas sobre tal temática por meio de rodas de conversas e oficinas com pais, alunos e profissionais de informática, a fim de disseminar o conhecimento sobre as ferramentas de supervisão familiar disponíveis e o seu funcionamento.  Por fim, a Sociedade Civil Organizada e as mídias devem, mediante campanhas publicitárias e plataformas digitais, a exemplo da "Dialogando" da empresa Vivo, incentivar a conversa amigável entre pais e filhos para solidificar as relações sociais e assegurar a devida orientação infantil quanto ao mundo virtual.