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Enviada em: 24/04/2019

O controle ideal dos pais sobre a vida do filho é uma linha tênue entre a liberdade e a proteção. Se antes, os filhos passavam a maior tempo na rua, hoje a cada dia mais as crianças gastam seu tempo na internet, que amplia as possibilidades dos pais controlarem os filhos, preocupados com a extensão do conteúdo virtual. Entretanto, tal atitude passa longe da proteção à infância. Na canção Susie, de Michael Jackson, o cantor descreve a vida de uma criança que sofre abusos da família, inclusive sexual pelo avô. A raiz da maior parte dos problemas infantis vêm da própria família, e não da internet, como é de se supor. Filhos com proteção em demasia tornam-se adultos inseguros e podem adoecer de problemas mentais, já que o abuso psicológico ficou mais fácil com as tecnologias atuais.       Alguns argumentam dos riscos da internet e acreditam que a supervisão plena da criança é benéfico, mas o risco é muito maior que potenciais benefícios. A geração conhecida como Millenium, nascida próxima dos anos 90, já tem um estigma de serem incapazes de lidar com frustrações e desafios. A psicóloga Rosely Sayão, que palestra e escreve artigos para jornais como O Globo, critica pais de tentarem interferir na vida dos filhos, como conteúdo que vêem  a internet e até seus destinos na faculdade. Com pais que decidem tudo que o filho pode ter acesso, estes se tornam incapazes de tomarem decisões e seguirem a vida sozinhos.       Além disso, não é de se surpreender o crescimento de problemas como ansiedade e depressão nas crianças. A OMS alertou que, no mundo, as doenças mentais são a principal causa de incapacidade entre indivíduos de 10 a 19 anos. O controle parental seria positivo caso os pais fossem instruídos por profissionais de como faze-lo, algo que. entretanto, é raro. Na série Black Mirror, em um dos episódios, uma mãe instala um chip na filha e começa a ter controle absoluto sobre ela, e esta descobre o óbvio: filhos mentem pros pais. Este controle gera na filha transtornos de automutilação, por exemplo. Na relação pais e filhos, deve prevalecer a confiança mútua e não um autoritarismo em nome da proteção.        Portanto, a cautela deve ser máxima em mecanismos que possam aumentar o poder de vigia dos progenitores sobre suas crias. Neste ponto, a inclusão de psicológos no cotidiano familiar torna-se recomendável. Deve se tornar obrigatória a presença destes profissionais em escolas por esforço do MEC em escolas públicas ou particulares, além de incluir a obrigatoriedade de pais irem em reuniões de classe e ter contato com a vida de seus filhos. A ponte com pedagogos, escola e psicólogos junto a família podem fornecer ferramentas valiosas para que se conheça a linha ideal de interferência tecnológica na vida infantil, tornando-os preparados e capazes de tomar decisões, mais seguros e com bom relacionamento familiar, essencial para uma geração que seja saudável mentalmente.