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Enviada em: 28/06/2019

O controle ideal dos pais sobre a vida do filho é uma linha tênue entre a liberdade e a vigilância absoluta. Se antes, os filhos passavam a maior tempo na rua, hoje, a cada dia mais, crianças gastam seu tempo na internet, o que amplia as possibilidades do controle de filhos, dado a grande extensão de conteúdo disponível na rede. Entretanto, tal atitude passa longe da proteção à infância. Na canção Susie, de Michael Jackson, o cantor descreve a vida de uma criança que sofre abusos da família, inclusive sexual pelo avô. A raiz da maior parte dos problemas infantis vem da própria família, e não da internet, como é de se supor. Filhos com proteção em demasia tornam-se adultos inseguros e podem adoecer de problemas mentais, já que o abuso psicológico ficou mais fácil com as tecnologias atuais.       Alguns argumentam dos riscos da internet e acreditam que a supervisão plena da criança é benéfico, mas o risco é muito maior que potenciais benefícios. A geração conhecida como Millenium, nascida próxima dos anos 90, já tem um estigma de serem incapazes de lidar com frustrações e desafios. A psicóloga Rosely Sayão, que escreve artigos para jornais como O Globo, critica pais de tentarem interferir na vida dos filhos, desde amizades na infância até seus destinos na faculdade. Como esses decidem tudo, sua prole torna-se incapaz de tomar decisão e rumarem seus próprios destinos.        Além disso, não é de se surpreender o crescimento de problemas como ansiedade e depressão nas crianças. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que, no mundo, as doenças mentais são a principal causa de incapacidade entre indivíduos de 10 a 19 anos. O controle parental seria positivo caso os pais fossem instruídos por profissionais de como faze-lo, isto, entretanto, é raro. Na série Black Mirror, em um dos episódios, uma mãe instala um chip na filha e começa a ter controle absoluto sobre ela, e esta descobre o óbvio: filhos mentem pros pais. Este controle gera na filha transtornos de automutilação. Na relação pai-filho, deve prevalecer a confiança mútua e não o autoritarismo .        Portanto, a cautela deve ser máxima em mecanismos que aumentam o poder de vigia dos progenitores sobre suas crias. Neste ponto, a inclusão de psicológos no cotidiano familiar é imprescindível. Deve se tornar obrigatória a presença destes profissionais, por esforço do MEC, em escolas públicas ou particulares, além de incluir a obrigatoriedade de pais irem em reuniões de classe e ter contato com a vida de seus filhos. A ponte com pedagogos, escola e psicólogos junto a família podem fornecer ferramentas valiosas para que se conheça a linha ideal de interferência tecnológica na vida infantil, tornando-os preparados e capazes de tomar decisões, mais seguros e com relacionamentos cotidianos sólidos, essencial para uma geração que seja saudável mentalmente.