Materiais:
Enviada em: 19/04/2018

A escravidão foi abolida em 1888, com a Lei Áurea. Entretanto, não foi dado suporte aos negros então libertos, a modo de não extinguir a grande disparidade oriunda da exploração. Ainda é perceptível, um século e meio depois, o intenso contraste sócio-econômico entre brancos e negros, em que estes dispõem de poucas medidas niveladoras. Uma delas é o sistema de cotas, que busca servir de escada para aqueles que, herdeiros da escravaria, já começam há 100 metros distantes da linha de largada.       Precipuamente, a desigualdade é reforçada pela educação. Enquanto negros e pardos têm uma renda mensal de 750 reais, o número dobra quando relacionado aos brancos, segundo o IBGE. De fato, vê-se uma clara ligação entre poder aquisitivo e educação. Ao passo que brancos podem pagar por um ensino completo e de qualidade, os outros grupos recorrem às escolas públicas, que apresentam níveis inferiores de estrutura e ensinança. Outrossim, o grau de escolaridade é outro fator relevante. Ao mesmo tempo que brancos passam cerca de 12,5 anos estudando, os negros passam apenas 8,5, segundo o Todos Pela Educação. Dessarte, fica claro a urgência de medidas de inserção dessas camadas, a fim de igualar suas condições.        Além disso, como consequência de um acesso mais amplo à educação, criam-se mais oportunidades profissionais entre as minorias. Com a aquisição do diploma cada vez mais frequente entre esse grupo, tem-se uma mão de obra qualificada negra, indígena e parda em maior número. O desemprego chega a ser de 14,5% entre as minorias, no que tange à população branca, cai para 9,5%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio. Nesse sentido, as cotas são suporte para, indiretamente, criar um ambiente em que a diferença entre as raças, quando avaliada para uma vaga no emprego, seja nula.       Infere-se, por tanto, que apenas as cotas não saciam o processo de igualdade racial. É crucial do Governo, atrelado ao Ministério da Educação, mapear regiões carentes de escolas a fim de ampliar a escolarização, além de melhorar a infraestrutura das já existentes a partir de um melhor repasse e aproveitamento das verbas. Ademais, é da responsabilidade das instituições fiscalizações mais rígidas perante às inscrições para o benefício, para evitar fraudes no sistema. Cabe às escolas promoverem palestras medidas por ONGs sobre o assunto, criando assim uma consciência mais igualitária, impedindo ações que desencadeiem um pensamento racista. Desse jeito, seguindo a lógica aristotélica de tratar os desiguais desigualmente a medida que se desigualam, ver-se-á maiores entendimento e respeito sobre o assunto, originando uma sociedade mais igualitária e sem condições tão discrepantes.