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Enviada em: 04/05/2018

O Brasil de Zweig Ao refugiar-se, no Brasil, da Segunda Guerra Mundial, o escritor austríaco Stefan Zweig publicou, em 1941, o livro "Brasil: País do Futuro". No entanto, a necessidade de cotas nas universidades não faz jus a essa premissa. Dessa forma, deve-se analisar como esse sistema de cotas representa inclusão e quais caminhos para consolidar a educação brasileira. É notório que a população que mais necessita de cotas para entrar em boas universidades públicas é a mais pobre. Isso ocorre porque as pessoas mais pobres não têm recursos financeiros suficientes para custear uma educação de base de qualidade, e a educação pública, oferecida pelo Estado, muitas vezes é deficiente em vários aspectos, como adequadas infraestrutura e capacitação de professores. Segundo o ex-Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, a educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. Dessa maneira, percebe-se que se não houver uma boa educação básica, isso pode dificultar a formação acadêmica e o desempenho no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o qual proporciona o ingresso às universidades públicas e gratuitas. Outrossim, é indubitável que um grande receio em relação às cotas é à entrada de alunos de escolas públicas despreparados para o alto grau de ensino das instituições públicas superiores, podendo comprometer a qualidade do ensino. Porém, conforme dados de 2010 apresentados pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, constatou-se que diminuiu o índice de evasão  e de reprovações de alunos cotistas, quando comparados a alunos de outras políticas afirmativas. Torna-se evidente, portanto, que a necessidade de cotas nas universidades representa inclusão dos mais necessitados ao ensino superior, mas também representa uma solução de curto prazo para a integração da população. Com isso, para enrijecer a base de ensino desses estudantes cotistas, as universidades devem promover tutorias, cursos de férias e matérias eletivas de disciplinas básicas para o entendimento dos assuntos gerais de cada curso, como, por exemplo, para o curso de Medicina, deve-se promover biologia, física e química básicas. Ademais, visando a solução permanente e de longo prazo, o Governo Federal, em parceria com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, deve destinar um maior percentual do PIB brasileiro à educação básica para qualificar os professores, oferecer atividades esportivas e lúdicas e melhorar a infraestrutura escolar, a fim de manter os jovens na escola ao proporcionar educação e oportunidade equilibrada a todos de ingressar nas melhores instituições de ensino superior do país. Isto posto, poder-se-á aproximar o Brasil real do Brasil idealizado há quase oito décadas por Stefan Zweig.