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Enviada em: 03/05/2018

O Brasil tem 45% da sua população formada por negros. No entanto, apenas 2% dessa parcela estão hoje na universidade. Para tentar resolver tamanha exclusão, busca-se alternativas no modelo de inclusão norte-americano, que é baseado na reserva de determinado número de vagas do ensino superior para alunos negros, política afirmativa conhecida como cotas. Mas será que esse sistema é mesmo o melhor caminho para contornar 508 anos de discriminação?   Em primeiro lugar, é importante destacar que um ensino básico de qualidade é fundamental. Sem ele, independentemente de qualquer política de inserção acadêmica, as pessoas negras e de baixa renda não terão sucesso em sua vida acadêmica. E até onde se sabe, o ensino fornecido pelo Estado brasileiro chega a ser pior que o de alguns países subdesenvolvidos, como Cuba, por exemplo. Assim, considerando o passado de marginalização econômica a que foram submetidos, conclui-se que eles são as principais "vítimas" desse sistema deficiente de educação, cuja consequência imediata será a despreparação para a assimilação dos conceitos típicos do ensino superior.    Além disso, as cotas sociais representam os motivos de sua própria existência. O abismo existente entre escolas públicas e particulares fornecem, claramente, oportunidades distintas a estudantes de classes sociais diferentes. Sem as cotas para os estudantes de classes sociais menos favorecidas, as cadeiras nas melhores universidades continuarão sendo conquistadas por candidatos com melhor estabilidade financeira.     Dessa forma, portanto, um processo verdadeiro de inclusão e igualdade sócio-educacional deve levar em conta a necessidade de investimentos urgentes na educação básica, que devem ser distribuídos na qualificação dos educadores, otimização das estruturas escolares para que estas atendam integralmente os alunos e também o financiamento de pesquisas. Cabe também ao Estado aumentar a fiscalização sobre a Controladoria-Geral da União, para que o dinheiro público seja corretamente encaminhado a educação. Forçar a entrada em escolas superiores de brasileiros historicamente alijados de direitos fundamentais como educação e uma precária condição de renda através de ações "afirmativas" como as cotas não deve ser o desejo da sociedade nacional.