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Enviada em: 06/05/2018

Na África, durante o Império de Mali, existiam três grandes universidades, mas diferentes das que conhecemos hoje em dia, eram realmente universos de conhecimento, onde se tinha a liberdade de aprender o que quisesse, ou seja, o desenvolvimento educacional era uma preocupação dos povos africanos. Quando os portugueses compraram essas pessoas como mercadorias, foi-lhes tirados o direito de ascender em suas próprias sociedades e, consequentemente, planejarem uma vida melhor.Assim é o legado que essa migração forçada deixou, então ofertar a oportunidade de estudar aos descendentes desses povos traz o sentimento de inclusão ou de retrocesso?      Quando a escravidão foi proibida em 1888 não foi determinado nenhum tipo de indenização aos negros libertos ou aos seus descendentes, mesmo tendo sido eles que enriqueceram os senhores de engenho que aqui viviam. Outro motivo pelo qual não se aceita completamente a existência de cotas é que não somos informados integralmente das altíssimas taxas de homicídios de negros pobres– tal categorização, no Brasil, infelizmente está próximo de ser uma redundância. Se, como os brancos estudantes de escolas particulares, eles pudessem ter uma boa base escolar para o ingresso nas universidades públicas, aí as cotas não seriam necessárias, pois todo indivíduo sem limitações, tem chances iguais de aprendizado, como mostram os dados do site Exame que, na Universidade Federal de Minas Gerais, as médias dos não cotistas ficaram abaixo dos cotistas em 2016, ou seja, quando recebem as mesmas oportunidades, o que diferencia é a dedicação e esforço de cada um.       Consequentemente, os africanos e seus filhos deixaram como legado as suas futuras gerações a pobreza com a qual tiveram que lidar após serem expulsos das senzalas e deixados ao acaso, sem proteção jurídica quanto a alimentação, saúde e trabalho. Por isso vemos hoje a formação de favelas em que a grande maioria é descendente de negros, pobre e tentando dignificar o máximo possível suas vidas, como alertam os dados da plataforma Fogo Cruzado, onde nem sequer os mortos, quase que em sua totalidade, têm passagem pela polícia. E pior ainda, como deixa claro o defensor público Carlos de Oliveira, muitos desses corpos nem chegam no IML (instituto Médico Legal), pois chamaria muita atenção e a mídia, como faz hoje, não poderia deixar de noticiar.       Em síntese, a oferta de cotas apenas tenta, ainda pobremente, remediar o desamparo em que deixaram os negros no Brasil, mas é pouco. É preciso ainda que o Governo Federal invista na Educação Pública, igualando os currículos às escolas privadas e aumentando a verba destinada a esse fim. Além disso, é necessário que a mídia não diminua o valor dessas mortes, noticiando as chacinas que ocorrem nas favelas como atos atrozes e desumanos.