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Enviada em: 06/05/2018

O sociólogo Karl Marx defendia que as condições materiais moldam a consciência humana, condicionando os indivíduos a adotarem determinados comportamentos. Apesar de possuir exceções, esse pensamento se aplica no atual cenário brasileiro e explica a necessidade da existência de cotas para ingressar nas universidades. No entanto, por conta da falta de compreensão dos diferentes contextos sociais e do preconceito, muitos consideram tal política um retrocesso para a sociedade.       A priori, o meio no qual a pessoa se encontra influi significativamente no seu desenvolvimento pessoal, seja por meio dos recursos tecnológicos e condições estruturais ou pelas pessoas. Isso pode ser explicado pelas condições que muitos moradores de favelas são submetidos, que vivem em ambientes instáveis e estudam em escolas públicas de péssima qualidade, quando comparadas aos colégios privados. Em vista disso, as cotas são necessárias para que ocorra a efetiva inclusão social, já que, naturalmente, os que seriam aprovados em instituições de ensino superior seriam os que tiveram acesso a um ensino de qualidade, resultando em um parcela de excluídos.       Em segundo plano, os negros do Brasil ainda colhem os frutos do preconceito que vigorou durante o período colonial brasileiro. Nessa linha de raciocínio, no passado eles eram privados de educação, bem como submetidos a condições insalubres, o que influencia negativamente na mentalidade sobre esse grupo na atualidade. Desse modo, muitos são contra as cotas nas universidades para negros, porque os consideram uma outra "raça" e, então, não são dignos de ter acesso ao ensino superior. No entanto, essa mentalidade inaceitável aliada a grande parcela de negros excluídos na sociedade, colabora para que seja imprescindível a existência de cotas, pois se torna extremamente difícil se desenvolver em um meio de coerções sociais.       Torna-se evidente, portanto, que medidas devem ser tomadas para conscientizar a população a respeito da importância das cotas nas universidades. Nesse sentido, o Governo Federal, por meio da esfera midiática, deve estimular propagandas que mostrem o dia a dia das pessoas de baixa renda, bem como dos negros, a fim de esclarecer a diferença de oportunidades e instruir sobre a função social das cotas, como também divulgar órgãos de denúncias para casos de preconceito. Além disso, o Estado, por meio do Ministério da Educação, deve levar esses debates para as escolas, utilizando das disciplinas de Sociologia e Filosofia, para reforçar sobre a questão do princípio da alteridade, por meio do ensino reforçado sobre ética e moral, com o objetivo de acabar com o preconceito e discriminação.