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Enviada em: 07/05/2018

''Um país se faz com homens e livros'', essa assertiva de Monteiro Lobato demonstra o principal objetivo da implantação das cotas para entrada nas universidade. Diante da desigualdade em que se vive hoje, a reserva de vagas para alunos de escolas públicas, negros e índios se tornou o principal meio de garantir o acesso desses grupos ao ensino superior. No entanto, muitas opiniões se contrastam sobre essa questão. Dessa forma, é necessário avaliar qual o real papel das cotas na sociedade.     Após 15 anos da sua implantação, as cotas já mostram resultados. Seu papel tem grande importância na vida de grupos que sempre foram considerados inferiores, tornando o tão sonhado diploma um pouco mais acessível, o que aumenta as possibilidades de um futuro melhor tanto socialmente, quanto profissionalmente. Além disso, promove uma maior inclusão de pessoas que são julgadas pelo lugar em que vivem ou pela sua cor, haja vista que, segundo o G1, o número de negros nas universidades aumentou muito após as cotas. Mostra-se, assim, que tal ação afirmativa contribui para a equidade de ensino e de oportunidades.     Sob esse viés, é factível observar que a necessidade de medidas como essas é oriunda de características históricas. Com uma desigualdade e um preconceito intrínseco, os negros, indígenas e pessoas menos abastadas são vistos com um potencial reduzido, porém não é a sua capacidade que é menor e sim suas oportunidades, uma vez que o ensino público se encontra em defasagem, com falta de professores,de material e de estrutura física. Ademais, as cotas contribuem para a efetivação de uma sentença constitucional - Artigo 6º : '' Todos têm direito a educação'', desmistificando a pouca capacidade das minorias. Evidencia-se, então, o caráter regenerador de injustiças e pensamentos obsoletos.       Destarte, é necessária uma intervenção estatal que busque o correto funcionamento do sistema de cotas, instalando em cada universidade pública bancas de veracidade das condições dos candidatos, para que não haja fraudes, nem desvio da real função inclusiva das cotas. Além disso, deve direcionar investimentos para a educação, melhorando os pagamentos dos funcionários e disponibilizando materiais de qualidade, para que as cotas sejam apenas uma medida paliativa e que, um dia, todos tenham um ensino de qualidade desde o fundamental. A mídia e a sociedade, por sua vez, deve contribuir para o pleno funcionamento das cotas, denunciando atos suspeitos. Cabe, ainda, ao cidadão agir com valores e respeitar as normas, colaborando para a igualdade no ensino. Somente assim, ter-se-á o país descrito por Monteiro Lobato.