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Enviada em: 25/05/2018

A lenda urbana da meritocracia     No Brasil, o sistema de cotas começou a ser instituído nos anos 2000, inicialmente pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro com as cotas sociais. Posteriormente, a Universidade de Brasília implantou as cotas raciais, desde de então o assunto é alvo de inúmeros debates quanto à legitimidade desse sistema. Assiduamente a questão é vista como privilégio direcionado à população negra, o que não é válido tendo em vista índices que comprovam a inferioridade da qualidade de vida da maioria desses indivíduos e o histórico social que os acompanha.       É errôneo defender que o sistema de cotas fere a meritocracia brasileira, haja vista que o país se encontra entre os 10 com maiores índices de disparidade social, segundo dados do Relatório de Desenvolvimento Humano. O livro de Renato Meirelles, "Um País Chamado Favela", traz uma pesquisa que aponta: 72% dos moradores de favelas são negros. A rotina em uma favela é regada de precariedade e contato direto com o crime. Não há como um jovem que vive em condições instáveis, expostos à violência e na maioria das vezes com difícil acesso à educação, competir igualmente com alguém de classe média-alta que teve educação de qualidade e excelentes padrões de vida, ou seja, meritocracia em um país em desenvolvimento é apenas uma palavra sem significado.                  Outro fator a citar é o histórico dos negros no país. Durante anos o Brasil foi palco de escravidão e discriminação racial, até que em 1888 a Princesa Isabel pressionada por ingleses assina a Lei Áurea e concede liberdade aos escravos. Porém, após à alforria nem uma instrução foi-lhes dada, isto é, enquanto os brancos continuaram detentores de toda a riqueza do país, os negros libertos tiveram que recomeçar do zero, sem posses, sem educação, grande parte separada de suas famílias durante o tráfico negreiro e não houve sequer programa social que os auxiliasse.       Portanto, como base no que foi citado, entende-se que as cotas têm o papel de integrar essa parcela da população às universidades, para que os índices de desigualdade sejam  amenizados com o tempo. O primeiro passo a ser tomado deve ser educar as pessoas sobre a real intenção do sistema. O Ministério da Educação deve promover em escolas palestras educacionais a fim de conscientizar estudantes sobre a dívida histórica que o país tem com os negros. Também faz-se necessário que o Ministério do Planejamento direcione atenção especial à comunidades, garantindo que tenham os direitos básicos supridos, como saneamento básico, acesso a educação e acesso a cultura, na tentativa de diminuir as diferenças de aprendizado entre os  jovens, dessa forma talvez um dia a política de cotas deixe de ser algo crucial.