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Enviada em: 31/05/2018

O que não foi esclarecido após a libertação dos escravos negros em 1888 com a Lei Áurea, sancionada pela Princesa Isabel, era como o negro seria integrado à vida social de um país que foi o último a abolir a escravidão entre as Américas. Sendo ainda alvo de extremo preconceito e injúria racial, a população negra continuou vivendo subjugadamente e inibida de exercer seus direitos como cidadãos livres, principalmente à educação. Nesse viés, as cotas raciais presentes nas universidades têm como papel fundamental recompensar o prejuízo histórico ainda existente na sociedade, inserindo essa camada desfavorecida à um ambiente que ainda não reflete a maioria negra presente no Brasil.     É indubitável que o preconceito ainda contribua para demora da ascensão social negra em todos os aspectos. Durante a escolha da nova Globeleza 2014, título da mulata que dança o carnaval da Rede Globo, houve uma substituição da campeã, eleita pelo povo, que era um tom mais escuro por uma negra de tom mais claro. Quando questionada, em seu pronunciamento, a emissora disse que a substituta se adequava mais ao papel exigido. Tal ação nos revela que ainda há dificuldades de se ver o negro, em sua forma mais natural, presente em ambientes de grande alcance, como a TV, e também nos campus, predominantemente brancos.    Além disso, é incoerente que apenas a parcela branca ocupe as universidades, sendo a população negra mais da metade da nação brasileira. Quando a meritocracia entra em pauta como justificativa, o que não analisamos, é que por mais que sejamos igualmente capazes intelectualmente, não temos as mesmas oportunidades. Já que, sendo 53% da população brasileira, os negros, em sua maioria, são pobres e vivem em periferias e favelas, sendo obrigados a enfrentar inúmeros obstáculos, como a grande movimentação espacial, ocorrência de trabalho para auto-sustento, além da exposição ao racismo extremamente desmotivador. Estes fatores colaboram ao um aprendizado mais precário e explicam a injustiça da não representatividade dos afrodescendentes.  Fica claro, portanto, que as cotas raciais são fundamentais por promover a inserção dessas pessoas em um habitat que não é democraticamente justo. Para que esta realidade mude, o Governo deve inverter esse sistema, melhorando a qualidade do ensino fundamental, por meio da maior destinação do tesouro, para que menos pessoas dependam desse programa. Além da ampliação de programas sociais que insiram o negro a sociedade, alcançando-o e melhorando a realidade em que ele vive. A mídia, deve incentivar campanhas de conscientização negra, a fim de mostrar que o negro merece atenção e destaque no âmbito social, para ressocializa-lo ao espaço onde os brancos predominam. Assim, as cotas raciais deixariam de ser uma medida igualitária para se tornar parte da nossa história.