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Enviada em: 01/06/2018

No Brasil, a primeira universidade foi fundada na Bahia em 1808 e oitenta anos depois a Lei Áurea foi assinada para abolir a escravidão no país. Atualmente, é estimado que 13% dos alunos no ensino superior sejam negros, e que a sua grande maioria enfrentou o ensino escolar de baixa qualidade nas escolas públicas. Portanto, em um país com mais da metade da sua população negra e com uma sociedade branca constituída pelo racismo histórico e pela segregação, as ações afirmativas devem entrar em pauta visto as consequências da falta de projetos inclusivos na história do país enraizado no mito da democracia racial.   Primordialmente, a Universidade de Brasília, em 2004, adotou o sistema de cotas raciais, e em 2009 a grande maioria das instituições de ensino superior assumiram tal responsabilidade. Ademais, as cotas passaram a abranger critérios sociais, que dizem respeito a renda média da família, ampliando as possibilidades de admissão. Decerto, a conquista foi importante para as classes menos favorecidas economicamente e socialmente, porém, não encurtaram e não facilitaram o ingresso desses nas universidades, visto a desigual qualidade do ensino público brasileiro nas escolas.   Em síntese, o sistema de cotas é um marco na inclusão socioeducacional, mas não pode ser implantado como forma de evitar investimentos na educação básica, portanto, é preciso equiparar o ensino público e privado, dessa forma as cotas universitárias seriam vistas como uma medida provisória. Com essa garantia, é possível formar alunos capacitados para realizar as provas de vestibulares, e chegarem nas universidades com uma base essencial. Além disso, os estudantes cotistas são obrigados a enfrentar preconceito dentro das universidades, e tais atitudes são os efeitos da falta de esclarecimento da população acerca da sua própria história e dos efeitos positivos a longo prazo do sistema de cotas.   Portanto, é esperado uma postura firme do Ministério da Educação no progresso e na ampliação das ações afirmativas, e ainda, manter o diálogo com a parcela da sociedade que vive as dificuldades de conseguir uma graduação e de não ser reconhecido. Ademais, as cotas devem ser vistas como temporárias, e a população deve ser informada acerca dos propósitos e consequências. É válido também que as instituições de ensino e os meios influenciadores, como escolas e os meios de comunicação, elaborem projetos de aprendizagem sobre a história do Brasil, acompanhada de opiniões e reflexões sociológicas com o intuito da formação da consciência social. As cotas nas universidades são necessárias para que seja reparado uma marca de 300 anos de regime escravocrata e uma realidade ainda excludente.