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Enviada em: 04/06/2018

Embora a primeira universidade brasileira tenha sido fundada em 1808, é estimado que, atualmente, menos de 15% dos alunos do ensino superior são negros. Pode-se inferir que a falta de compromisso com o futuro dos jovens em condições sociais e financeiras inferiores perpetua-se há mais de 200 anos. Portanto, as ações afirmativas devem entrar em pauta, visto as consequências da falta de projetos que visem atenuar e extinguir a desigual realidade da sociedade brasileira, regida pelo segregacionismo.   Primordialmente, a Universidade de Brasília, em 2004, implantou o sistema de cotas raciais e, em 2009, a grande maioria das instituições de ensino superior assumiram o projeto. Porém, durante esse processo, as cotas passaram a abranger critérios sociais, como a renda média da família, e dessa forma, ampliou as possibilidades de ingresso na universidade para aqueles em situações financeiras inferiores. Contudo, ainda que os dados estatísticos tenham apontado para uma maior entrada desses jovens, as faculdades brasileiras ainda estão ocupadas majoritariamente por brancos da classe média e alta, pois estes possuem educação escolar em níveis mais qualificados do que o sistema público.   Em síntese, o sistema de cotas é um marco na inclusão socioeducacional brasileira, mas não pode ser utilizado como forma de adiar investimentos na educação pública escolar, e, muitos menos, deve ser visto como forma de facilitar o acesso dos cotistas às universidades. Todavia, os estudantes cotistas são obrigados a enfrentar o preconceito dentro das universidades, e tais atitudes refletem a falta de esclarecimento da sociedade acerca dos motivos para a implantação do sistema de cotas.  Decerto, as cotas sociais e raciais, no Brasil, são uma forma de inclusão das classes menos favorecidas e dos grupos socialmente excluídos, porém, é preciso tratar das questões do ensino básico para capacitar os jovens e combater o preconceito sobre esses novos estudantes, que possuem os mesmo direitos.   Dessa forma, o Ministério da Educação deve atuar de forma firme no progresso e na ampliação das ações afirmativas, e ainda, manter o diálogo com a parcela da sociedade que convive com as dificuldades de conseguir uma graduação e não ser reconhecido. Ademais, as cotas devem ser veiculadas como medida temporária, e a população deve contar com as campanhas públicas que esclareçam informações acerca desse sistema. É válido também o desenvolvimento de debates de caráter sociológicos e a expansão da participação pública para tratar sobre possíveis reformulações nas ações afirmativas, também sob a coordenação do Ministério da Educação e o suporte do Governo Federal. Essa medidas devem ser tomadas com o intuito de tirar o Brasil do mito da democracia racial e colocá-la em prática.