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Enviada em: 12/07/2018

Segundo teses liberais e meritocráticas, os homens possuem as mesmas oportunidades para exercer seus trabalhos e, com isso, adquirem uma certa ascensão social. Na prática, entretanto, a meritocracia mostra-se uma falácia, já que uma sociedade, como a brasileira, composta por desigualdades e concentração de recursos não permite acesso igualitário dos serviços a todos os cidadãos. Sob esse panorama, políticas afirmativas como as cotas raciais para ingresso em universidades públicas tornam-se indispensáveis para a inclusão de cidadãos negligenciados.    O preconceito contra negros, nesse contexto, é uma herança histórica da formação do país. A escravidão, nesse contexto, ao renegar aos escravos o exercício da cidadania tornou-os, aos olhos da sociedade colonial, indivíduos desumanizados e destinados aos trabalhos árduos e braçais. Tal herança social é refletida no cotidiano, já que, segundo pesquisa de 2014 do IBGE, 76% dos mais pobres são negros e marginalizados socialmente. As cotas, nesse sentido, são medidas necessárias para diminuir a discrepância social entre os indivíduos.     A maior inclusão de negros em universidades públicas, além disso, conscientiza sobre as disparidades sociais presentes no país. Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior 67% dos alunos negros cotistas são de baixa renda, o que indica que os estudantes brancos com maior poder aquisitivo deixam, aos poucos, de ser um grupo homogêneo nas faculdades. Desse modo, ocorre um intercâmbio de ideias e vivências entre cidadãos com as mais diversas particularidades, ocasionando alteridade entre os graduandos.    As cotas, sob esse panorama, são importantes para garantir a inclusão de grupos socialmente excluídos, como os negros. Para que essa política continue a vingar, é necessário que as faculdades criem, a partir de entrevistas e documentos, mecanismos para evitar a fraude nas cotas, de modo a garantir que sejam usadas por aqueles que realmente se encaixam nos critérios. Além disso, o Governo deve, a partir da vinculação de propagandas em mídias, conscientizar a população sobre os motivos e a importância do uso de cotas para negros. Com essas ações, é possível diminuir a desigualdade existente no país.