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Enviada em: 14/07/2018

Em "O Contrato Social", de 1762 o filósofo Jean Jaques Rousseau formula uma questão que se tornaria clássica nas ciências sociais: por que o homem nasce livre e, por toda parte, encontra-se acorrentado? Nos dias hodiernos, a ausência de um sistema de cotas para universidades faz com que esse questionamento reflita fielmente a realidade de muitos jovens e adultos, que querem entrar em uma universidade pública mas se encontram acorrentados por empecilhos sociais, sejam eles em função do sistema de educação pública ou das grandes desigualdades sociais.      Diante desse cenário, convém ressaltar que o sistema educacional brasileiro, desde que foi integralmente instituído por Getúlio Vargas na primeira metade do século XX, mostra-se ineficiente no  que diz respeito a preparar os alunos para os grandes vestibulares. Tal ineficiência, fruto de um sufrágio inconsciente e de medidas políticas que visam ao resultado de curto prazo, gera uma desigualdade obscena entre os estudantes brasileiros. Portanto, o sistema de cotas seria proveitoso ao Brasil pois, decerto, promoveria uma igualdade um pouco maior de oportunidades entre os estudantes e evitaria a segregação dos que não têm acesso à educação privada.        Ademais, a própria desigualdade social é relevante a esse tema. Segundo o sociólogo Wiliam Outwaite, níveis elevados de desigualdade reduzem tanto as oportunidades quanto os incentivos para os indivíduos e famílias mais pobres, desestimulando-os em particular de investir em educação. Destarte, a desigualdade social associada à ausência de um sistema de cotas faz as pessoas mais pobres acreditarem que não podem triunfar em uma sociedade tão injusta. Consequentemente, a ascensão social torna-se mais difícil e distante da maioria das realidades, o que se transforma em problemas sociais mais sérios, como o da criminalidade.      Portanto, a fim de solucionar a questão supracitada, evidencia-se a necessidade de alguma mudança. É preciso que o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Educação, desenvolva um projeto de cotas para universidades que se mostre realmente efetivo. Tal projeto deve contar com uma ampla divulgação midiática e deve ser implementado em todo o território nacional, fornecendo vagas para diversas minorias, como negros e pessoas de classe social mais baixa. Isso pode ser feito por meio dos mecanismos de seleção dos grandes vestibulares, que destinarão um número de vagas que será especificamente para alunos que se enquadrem em uma determinada minoria. Concomitantemente, o Estado deve aumentar o investimento nas escolas públicas, visando à criação de uma estrutura moderna e diversificada que facilite o ensino e o aprendizado. Assim, as correntes sobre as quais discorria Rousseau finalmente poderão ser esquecidas.