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Enviada em: 28/09/2018

Pirâmide educacional invertida             É notório que políticas de ações afirmativas vêm garantindo a entrada de cada vez mais pessoas de baixa renda e negros nas universidades públicas brasileiras, uma taxa que só aumenta a cada ano desde a sua implementação. Média de desempenho similares e a garantia de uma boa formação a quem não pode frequentar uma escola particular a vida toda fazem do sistema de cotas um bom remediador para uma educação primária precária em um país tão rico cultural e economicamente.            A herança cultural, das quais se justificam as cotas, a priori, não é o maior agravante da problemática. Um sistema educacional precário, retrógrado e parco em recursos reduz, e muito, as chances de entrada de pessoas de baixa renda em universidades federais e estaduais. Por essas representarem um alto padrão e incontáveis oportunidades aos ingressos, famílias mais abastadas preparam seus filhos nas melhores escolas do país, a fim de contarem com a melhor formação possível para os mesmos. Desse modo, a alta concorrência impossibilita o acesso a quem, muitas vezes, ao mesmo tempo que estuda, trabalha para ajudar a família. Portanto, ações afirmativas representam a esperança a quem um dia apenas sonhava em cursar uma faculdade superior gratuitamente e de renome.             Segundo o contratualismo de Locke, o estado deve intervir na garantia do bem-estar de todos, pois o mesmo é o representante do seu povo. Sendo assim, a garantia dos direitos essenciais (como a educação) deve ser devidamente aplicado para a promoção da possibilidade de crescimento social e econômica igual à todos. Nesse ínterim, as cotas atuam como facilitadoras do processo de formação àqueles que não tiveram uma chance de formar uma base educacional sólida durante a adolescência.               Espera-se, portanto, que uma instituição como o Ministério da Educação reconheça o valor da ajuda fornecida pelo sistema de ações afirmativas à quem precisou enfrentar uma formação precária no sistema de ensino básico das escolas públicas. Em vista disso, ONGs e o quarto poder devem agir mutuamente, a fim de pressionar a União na criação de mais concessões para cotistas em universidades, assim como benefícios de auxílios para quem já está nela. Ao mesmo tempo, deve haver a colaboração de toda sociedade para a sua participação ativa no processo educacional, de modo que possam ser reconhecidas as falhas do sistema educacional básico público brasileiro em todos os municípios, para que, em um futuro, com uma sociedade muito mais igualitária, não mais sejam necessários programas de cotas, já que todos poderão ter um efetivo acesso ao melhor do sistema de ensino superior, no país.