Materiais:
Enviada em: 15/10/2018

Em sua canção "Cota não é esmola", a cantora Bia Ferreira diz que "vai pagar a faculdade, porque preto e pobre não vai pra USP". Apesar de completar 130 anos da abolição da escravatura, o Brasil ainda possui uma lacuna entre brancos e negros. Atualmente, a legislação das cotas raciais é a porta de entrada dos negros nas universidades públicas, bem como a cota para estudante de escola pública, mas, ao mesmo tempo, configura-se apenas como  uma inserção.      Apesar de a Constituição Brasileira defender que todos são iguais perante a Lei, negros e pobres não têm as mesmas oportunidades da elite branca no país. Na corrida para a universidade pública quanto mais dinheiro e privilégio o indivíduo tiver, mais próximo da vaga ele está. Isto é, estudante de escola pública, pobre e negro, estão cada vez mais distantes de ocuparem uma cadeira como universitário. A fim de diminuir essa defasagem, o governo optou por reservar uma quantidade de vagas, as cotas, para esse grupo de pessoas dando a elas a oportunidade de ingressar na universidade pública. Graças a esta medida, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) mostrou que em 2016 o percentual de negros matriculados subiu para 30%.        É inegável que as cotas promoveram o aumento dos estudantes desfavorecidos nas universidades.  Mas, é inegável também que as cotas são medidas paliativas cômodas para o Estado. A base no ensino fundamental e médio dos cotistas é muito fraca, pois esse ensino público é decadente; os conteúdos não são vistos por completo, se é que são dados em sala; os professores nem sempre são da área; a estrutura é precária; o material didático é fraco, comprometendo o rendimento dos estudantes. Assim, quem precisa das cotas sente dificuldade em acompanhar o ritmo do ensino na universidade e acaba, por vezes, desistindo.       De fato, cota não é esmola, é dívida histórica para os negros e indígenas e sobretudo um caminho para igualdade social. Entretanto, a política de cotas não é suficiente, ou seja, não basta apenas ofertar a vaga para universidade se o indivíduo não tem a mesma carga de ensino dos demais estudantes da rede privada. Para combater essas lacunas, cabe ao Estado investir  no ensino primário e fundamental, na estrutura das escolas, material didático de qualidade, professores qualificados e bem remunerados, a fim de promover uma base forte no ensino médio e superior. Com apoio do governo, o Ministério da Educação deve fiscalizar como esse investimento está sendo desenvolvido, avaliar as atividades realizadas nas escolas, o rendimento dos alunos e em que estes sentem mais dificuldades. Assim, a longo prazo, as cotas não serão necessárias.