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Enviada em: 23/10/2018

O Brasil foi um dos últimos países que aboliu a escravidão no mundo. A inferiorização que o negro sofreu no país desde a colonização tem traços até hoje. Os índices de violência e mortalidade entre a população negra é maior que a população branca, assim como a escolaridade é menor, ou seja, pessoas negras têm menos acesso à educação, e os números são mais alarmantes quando trata-se de educação nível superior. Para combater isso, algumas universidades públicas brasileiras adotaram sistemas de cotas, e isso deve ser visto como inclusão uma vez que facilita o acesso de jovens negros à universidades gratuitas.   Para ingressar em universidades públicas no Brasil, jovens têm que participar de um processo seletivo, onde as melhores notas são classificadas. Na teoria, é uma seleção justa, uma vez que os melhores alunos estudaram, se esforçaram e portanto mereceram a vaga de uma das melhores universidades, contudo, não pode-se citar a meritocracia neste processo. Sabe-se que alunos de escolas públicas tem um ensino precário, e muitas vezes não têm conteúdo pedagógico suficiente para competir uma vaga com um aluno que estudou a vida inteira em escola particular. Além disso, sabe-se também que entre os estudantes de escola pública, mais de 50% destes são pessoas negras. Ou seja, estudantes negros em sua maioria têm acesso à ensino fundamental público, que não os preparam e qualificam para o processo seletivo das universidades públicas. Portanto, cotas são inclusivas pois o conceito de meritocracia na prática é questionável.   Além disso, foi comprovado por pesquisas que alunos cotistas têm desempenhos tão bons quanto de alunos que ingressaram pelo sistema regular. Ao facilitar o acesso de estudantes de escola pública às universidades, temia-se que estes, como tiveram um ensino deficitário, colocariam em risco à qualidade do ensino. Todavia a UERJ e Unicamp constataram em estudos que alunos que se beneficiam das cotas valorizam muito a oportunidade, e que o índice de aprovação desses chega a ser maior que alunos não cotistas. Logo, aqueles que optaram por sistema de cotas, em sua maioria aproveitam a oportunidade, desse modo, cotas tornam-se inclusivas, pois viabiliza os menos favorecidos terem ensino de qualidade gratuito.   Torna-se claro que cotas não são retrocessos ou segregativas, e sim modo de inclusão da população negra ao ensino superior gratuito. O MEC deve ampliar o sistema de cotas raciais para que um dia o número de brancos e negros com escolaridade em nível superior seja igual. Deve-se ressaltar que o Estado deve assumir a responsabilidade de oferecer um ensino de qualidade para todos, para que um dia alunos de escola pública e particular tenham as mesmas chances nesses processos seletivos.