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Enviada em: 10/05/2019

Desde sua formação, a sociedade brasileira é caracterizada por profundas desigualdades entre as pessoas, derivadas da escravidão e da concentração de terras e riqueza por poucos indivíduos. Tais disparidades  também tiveram reflexo no ensino superior, no qual o acesso em geral era restrito à elite, majoritariamente branca. Assim, às pessoas negras e de baixo poder aquisitivo foi negado, durante a maior parte da história do país, a educação de terceiro grau. Por isso, as políticas afirmativas que visam aumentar o acesso ao ensino superior dessa parcela da população se fazem necessárias, devido às disparidades na educação geradas pelo legado de racismo e desigualdade social no Brasil.       Nesse sentido, observa-se que o preconceito racial é um dos principais fatores que contribuem para a não entrada de jovens negros em universidades. De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE, uma porcentagem muito menor dos jovens negros concluem o ensino médio em relação ao percentual de alunos brancos. Essa situação tem com um de seus principais fatores o preconceito que populações afrodescendentes sofrem de modo cotidiano, o que resulta em abandono do ambiente escolar. Assim, a chance de que um adolescente negro tenha sucesso em ingressar em uma instituição de ensino superior é consideravelmente menor em comparação aos jovens brancos. Desta forma, o benefício dado a afrodescendentes durante o processo seletivo para o terceiro grau é justificado pelas condições desiguais de competição geradas pelo racismo.       Adicionalmente, a expressiva desigualdade econômica observada no meio social brasileiro leva a grandes disparidades na qualidade do ensino básico e, consequentemente, no acesso ao ensino superior.Nesse sentido, verifica-se que em levantamentos acerca das escolas que obtém o melhor resultado em vestibulares a maioria faz parte da rede privada de ensino, as quais possuem em geral mensalidades de valores extremamente elevados. Isso demonstra que a qualidade do ensino recebido pelos alunos nos níveis fundamental e médio, em geral, é determinado pela condição financeira de sua família. Deste modo, a concorrência por vagas em universidades não ocorre de forma justa, sendo , portanto, necessário criar meios de levar equidade a essa disputa.       Destarte, verifica-se que política de cotas raciais e econômicas para o ingresso em universidades no Brasil se mostra necessária no sentido de combater problemas históricos do país. Nesse âmbito, é fundamental que o Ministério da Educação mantenha a Lei de Cotas e divulgue, por meio de mensagens institucionais e com o apoio da mídia, a importância da inclusão de populações tipicamente marginalizadas na sociedade. Tal lei não é a resolução definitiva para o problema educacional do país, mas é um avanço em direção à criação de uma sociedade mais justa e igualitária.