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Enviada em: 22/07/2019

Djonga é um artista que vem se destacando na cena do hip hop nacional. “Corra” é uma de suas canções que abordam o racismo, um dos trechos de sua música diz: “Deus me deu o frio e não me deu o cobertor”, referindo-se a falta de mecanismos para a inserção dos negros na sociedade após a prorrogação da lei áurea. Nessa lógica, é possível observar que apesar de por fim à escravidão, fora ignorada suas consequências. Diante desse cenário, cabe analizar as dificuldades enfrentadas pelos negros atingirem a igualdade e como essa dívida histórica retarda o processo de inclusão.      Atenta-se, a partir da perspectiva de Djonga, que o racismo ainda está presente em nossa sociedade e pode ser observada diariamente. Inegavelmente a maior parte dos alunos nas universidades são brancos, porém ao observar as prisões, destaca-se maioria negra. A discrepância é ainda maior quando comparados os números nas salas de ensino particular, em que a porcentagem de negros é de apenas 33%, segundo o IBGE. Dessa maneira, preocupa o fato de que a escravidão, ocorrida nos tempos de colonização, geraram uma sociedade heterogênea. A desigual competição entre aqueles historicamente privilegiados, que têm acesso  a ótimas escolas particulares e entre os que dependem da péssima qualidade do ensino público é um dos principais fatores para o contraste.      Sob essa lógica, ganha particular relevância nossa desigual pirâmide social, bem como as porcentagens desarmônicas de negros e brancos em cada nível social. A violência é uma consequência direta da desigualdade social, responsável pela falta de perspectiva de mobilidade social, que levam ao tráfico e ao roubo, vistos como maneiras de alcançar algo que não era antes permitido a esses jovens. Diante desse contexto, podemos observar que os níveis de criminalidade estão mais presentes nas áreas periféricas, em que a maior parte da população é negra, que reafirma pensamentos racistas não fundamentados, mas superficialmente observados.          Á face do exposto, pode inferir que para alcançarmos uma sociedade homogênea e livre do preconceito é imprescindível a utilização de cotas nas universidades. Cabe ao estado assegurar que o percentual de vagas reservadas para determinado grupo sejam corretamente preenchidos, por meio do aprimoramento do sistema de verificação das declarações dadas no momento da inscrição dos vestibulares, garantindo uma mudança a curto prazo. Além de ser dever do estado o investimento nas escolas públicas, com professores qualificados e escolas em tempo integral, que aumente o interesse dos jovens nas escolas, o que reflete significativamente no nível das aulas, promovendo uma equiparação de preparo dos alunos. Assim, ao longo do tempo, acredita-se que o racismo esteja presente apenas nos livros de história e que a posição social seja reflexo apenas da meritocracia.