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Enviada em: 02/04/2018

No limiar do século XXI, vive-se, no Brasil, um grande dilema: a questão das cotas nas universidades. De um lado, do ponto de vista aristotélico de igualdade, é imprescindível o uso das cotas para que os alunos que não tiveram um ensino básico satisfatório possam ingressar no ensino superior. Por outro, do ponto de vista estratégico, como toda política afirmativa, as cotas devem ter um prazo para acabar.                   Segundo Aristóteles, é preciso dar a cada um na medida da sua desigualdade. Com base nessa tese, países no mundo todo - inclusive os Estados Unidos da América - adotaram, em algum momento na sua história, cotas em universidades com o objetivo de amenizar a concentração de riqueza e ter um país, no mínimo, com uma classe média predominante. Contudo, o que mais se observa na prática, são países usando as cotas como uma política permanente para fugirem da sua principal obrigação no setor educacional: fortalecer o ensino básico. Dessa forma, as cotas, implantadas e cessadas no seu tempo determinado, são uma grande maneira de se atingir altos patamares no campo da inclusão.           Nesse contexto, estender uma política afirmativa como as cotas por mais tempo que o necessário, é relegar os investimentos no ensino básico à condição de colateralidade. Um bom exemplo disso, é que em cerca de dezoito anos de cotas no Brasil, quase nada foi feito pelo ensino fundamental e médio, pois a cada ano que passa o país despenca nos rankings mundiais. Além disso, segundo o jornal Folha de São Paulo, no Brasil, o ensino superior recebe quatro vezes mais investimentos que o ensino básico. Dessa forma, é possível afirmar que, por mais que o país tenha ótimas universidades, sem um ensino fundamental e médio fortalecido é impossível atingir o desenvolvimento.        Infere-se, portanto, que a permanência das cotas por mais tempo que o necessário é um retrocesso na educação. Nesse viés, cabe ao Governo Federal do país que adotar essa política estabelecer um tempo máximo de duração, cumprindo assim seu papel como política afirmativa, para que esta ação não se torne moeda política e o país volte à época do coronelismo. Ademais, é necessário que durante esse período, o respetivo país adote uma postura mais ostensiva na questão do investimento no setor básico da educação, com o intuito de que, ao final do processo, os estudantes não sofram nenhum prejuízo. Só assim, a sociedade conseguirá sair das amarras do assistencialismo e conseguir "caminhar com suas próprias pernas".