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Enviada em: 11/04/2018

O Brasil é repleto de abismos sociais. No que se refere à educação as diferenças se concentram sobretudo na qualidade do ensino ofertado pelas escolas públicas quando comparado às escolas particulares. Como consequência dessa diferença, as vagas nas universidades públicas, principalmente nos cursos de maior concorrência, sempre foram ocupadas em sua maioria por alunos oriundos de escolas particulares. Na tentativa de mudar essa perspectiva surgiram as cotas nas universidades, que foram aos poucos modificando os perfis dos alunos, criando oportunidades depois da formação e transformando realidades. Torna-se portanto essencial discutir a inclusão através das cotas, avaliar sua importância no processo de socialização, e propor medidas capazes de difundir e aperfeiçoar o sistema.    É inegável que as diferenças sociais são fruto de um longo processo histórico segregador e discriminatório. Ao longo da história do país, que inicia sua desigualdade na colonização, manchas como o processo de escravidão, que explorou negros e índios para a construção do Brasil, sem posterior ressocialização, se refletem ainda hoje na falta de oportunidades, no desemprego e na pobreza, sobretudo na população negra/mestiça, que com baixa renda vive em situação de risco social. Kant defendia a educação como unica forma do ser humano tornar-se verdadeiramente ser humano, neste contexto, seguindo a linha de raciocínio do sociólogo é possível depreender que somente a educação é capaz de promover a socialização, daí a importância das cotas nas universidades.      Pesquisas Publicadas pela UERJ e pela UNB, revelam que os alunos ingressantes nas universidades através do sistema de cotas tem maior índice de aprovação nas disciplinas e menor taxa de evasão. Os dados são indicadores de sucesso do sistema no que se refere à valorização das oportunidades. No entanto há ainda forte resistência de parte da população, já que a redução do numero de vagas de ampla concorrência, aumenta a concorrência no ingresso à universidade e assim transmite a sensação de injustiça no processo. É necessário aplicar o principio da equidade, que evidencia a busca pela justiça tratando o desigual a partir de sua desigualdade.          O ideal é que o sistema de cotas seja discutido com a fim de torna-lo claro e justo, alcançando assim quem realmente precisa. Para tal faz-se necessária a ação da sociedade civil, que na pessoa das universidades deve criar comissões para avaliar os perfis dos ingressantes exigindo documentos claros, avaliando históricos e realizando entrevistas investigatórias com o objetivo de coibir fraudes no sistema tornando assim a seleção rígida e séria, dando inicio ao processo de socialização através da educação. Com a efetiva prática dessas medidas será possível garantir a inclusão a partir das cotas, evitando que o processo signifique retrocesso e criando uma ponte entre os abismo sociais do país.