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Enviada em: 05/05/2018

Conforme defendeu o cientista social Gilberto Freyre, na obra "Casa Grande e Senzala", a pluralidade de etnias é formadora da identidade deste país. Porém, desde a colonização, os negros sofrem com o etnocentrismo, dessa maneira as cotas surgem para tentar amenizar o passado, e deve-se analisar como a herança histórico-cultural e a omissão do poder público prejudicam a questão.       A herança histórico-cultural é a principal responsável pela dúvida sobre a validade das cotas. Isso decorre do século XVI, quando a ordem escravocrata disseminou ideias de superioridade. A sociedade, então, por tender a incorporar costumes de época, conforme defendeu o sociólogo Pierre Bordieu, naturalizou esse pensamento e passou a reproduzir a ideia de que alguns são superiores. Através de, por exemplo, discursos de ódio reproduzidos sobre as minorias. A consequência disso é que cada vez mais algumas pessoas não acreditam na validade desse sistema para amparar as comunidades que necessitam.       Atrelado à herança histórico-cultural, nota-se que o poder público negligencia  direito dos cotistas. Isso porque, embora a Constituição Federal de 1988 ampare as questões da igualdade, a realidade é contraproducente e a regra constitucional é claramente infringida.Alguns artigos da regra de maior ordem do país reconhecem as leis que amparam as minorias, porém, os interesses socioeconômicos do governo se sobrepõem a fiscalização das leis. Não é a toa então, que cada vez mais as minorias sofram com os discursos de ódio contra as cotas.       Dessa maneira, nota-se que, no Brasil as cotas são inferiorizadas pela sociedade e pelo Estado. O Governo Federal, portanto, por meio do Ministério Público, deve implementar nas matrizes curriculares dos ensinos infantil, fundamental e médio, disciplinas sobre a validação dos direitos das minorias, por meio de subsídios investidos na área, com campanhas publicitárias que tratem sobre a importância histórica das cotas, afim de, uma vez por todas, respeitar a pluralidade defendida por Freyre.