Materiais:
Enviada em: 13/05/2018

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez sua decisão tenha sido certeira frente ao extremo determinismo social que permanecia como base do desenvolvimento da sociedade, no qual a população pobre tendia a tornar-se mais pobre e a população rica tornava-se mais rica. Entretanto, provavelmente sua decisão não teria sido a mesma hoje, pois comprovou-se que a educação pode transformar essa realidade, e para isso surgiram as cotas: uma forma de inclusão das camadas mais pobres da sociedade brasileira às universidades públicas e privadas.   Ao longo dos anos, observou-se que o sistema de seleção para o ingresso em universidades era injusto, visto que alunos de escolas privadas tinham mais oportunidades de aprendizado em seu processo de formação comparados aos alunos de escolas públicas. A criação do sistema de cotas, portanto, surgiu como uma forma de solução de inserção das camadas mais pobres às universidades, pois a educação não serve somente para preparar o indivíduo para o mercado de trabalho, mas contribui para o desenvolvimento social do mesmo, haja vista que, segundo Aristóteles, todo homem tem o desejo de conhecer.   Segundo dados da UERJ, o desempenho médio dos alunos que entraram na faculdade graças ao sistema de cotas é superior ao resultado alcançado pelos demais estudantes. À vista disso, é notório que a implantação de tal sistema ofereceu aos estudantes negros e pobres a oportunidade de acesso à educação, antes vedado a eles. Portanto, as cotas tem como objetivo o pagamento pela dívida histórica que o Brasil tem com essa camada social menosprezada, visto seu processo de formação abusivo e injusto para com os mesmos.  Na Grécia Antiga, por exemplo, o acesso à educação era restrito à generais e reis, e durante anos esse processo foi o mesmo. Historicamente, no Brasil, o acesso ao ensino superior era restrito às famílias com elevado nível econômico. Contudo, a formação do sistema de cotas surgiu como ferramenta de transformação social. Hoje, graças a esse sistema, milhares de estudantes estão tendo a oportunidade de corromper com o pré-determinismo antes vigente no Brasil.   Em razão da falta de oportunidades vividas por essa parte da população, cabe ao Governo Federal, em parceria com o MEC, democratizar a educação de qualidade no Brasil, por meio do investimento em escolas públicas, visando alcançar regiões menos favorecidas economicamente. Além disso, faz-se necessário a melhoria dos processos de ingressos à universidade, tornando-os mais justo e acessível às populações pobres, e isso pode ser feito por intermédio de fiscalizações, a fim de evitar fraudes.