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Enviada em: 10/06/2018

Por muito tempo o sistema de cotas tem sido a única porta de ingresso da população menos abastada ao ensino superior, mas sua utilização reafirma um passado histórico de desvantagens e injustiças que deveria ser corrigido, não ratificado pelo Estado. As cotas são necessárias, mas é preciso que um dia deixem de ser.       O sistema de cotas foi implantado tardiamente no século passado com o objetivo de permitir que pessoas negras, pardas e pobres pudessem obter formação de ensino superior e dessa maneira conseguir mobilidade social, alcançando através do Estudo um maior poderio econômico e quebrando o ciclo deveras persistente da manutenção da pobreza.       As cotas tem como alvo cidadãos dos quais a situação econômica é ruim ou estagnada, a qual muitas vezes foi herdada dos pais e antepassados e cuja formação educacional tenha sido propiciada pelo ensino público, o qual é inegavelmente inferior ao particular. Sua função é de dar oportunidade àqueles que não tiveram, sendo justas e de caráter igualitário.       A ironia do sistema de cotas está em sua própria utilização, visto que apesar da necessidade de uma mudança e do objetivo de dar mais chances para desavantajados, as cotas sempre serão vistas como exceção, ajudando apenas um seleto grupo de pessoas. Há limites para a quantidade de cotas que as universidades podem oferecer, já que mesmo públicas, são insuficientes para todo o povo, diferentemente do ensino público fundamental e médio.       As cotas são, portanto, a atual forma de compensação pelo passado histórico e pelo ensino sucateado oferecido pelo governo, tendo distribuição válida, mas apenas como medida de correção. É preciso que o Estado invista mais nos primeiros ciclos de ensino, para que um dia as cotas deixem de ser necessárias e todos os cidadãos tenham oportunidades iguais de ingresso no ensino superior por meio da mesma modalidade, independentemente de sua condição étnica e econômica.