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Enviada em: 29/09/2018

Machado de Assis, em sua crônica “Abolição e Liberdade” discorre acerca da condição do afro-brasileiro na sociedade pós-abolicionista. Nesse viés, carregada com o típico sarcasmo machadiano, a obra tem como intuito retratar a manutenção das desigualdades e o aumento da pobreza após a assinatura da Lei Áurea. Dessarte, a fim de amenizar tais problemáticas no âmbito educacional, foi criada a Lei de Cotas, que visa à maior abrangência das instituições do país. Assim, até que seja garantida a igualdade, a conservação dessa política é fundamental, visto que ela promove a equidade econômica e racial.        Primeiramente, vale ressaltar a premissa da equidade de Aristóteles, segundo a qual é necessário tratar desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade. Nesse âmbito, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicam que, em 2017, 25,4% da população brasileira vivia em condição de pobreza. Em consonância com esse dado, o professor da Universidade de São Paulo, Naércio Menezes, afirma que os cidadãos economicamente debilitados enfrentam maiores dificuldades no que diz respeito à continuidade do estudo. Dessa forma, a falta de acesso a cursos pré-vestibular e a materiais didáticos, bem como os desafios socioemocionais que esses indivíduos enfrentam ao longo do processo educacional, demonstram a necessidade da consolidação do pensamento aristotélico.        Em segunda instância, assim como a vulnerabilidade econômica corrobora a falta de oportunidades, o racismo enraizado na cultura brasileira ocasiona o mesmo efeito. Nesse contexto, a situação de exclusão é reflexo do período imperial, quando, após a promulgação da Lei Áurea, não houve a implementação de políticas que viabilizassem a inclusão dos cidadãos alforriados na sociedade. Sendo assim, o acesso a instituições de ensino representa, no contexto atual, o caráter segregacionista herdado, uma vez que pesquisas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira mostram que os negros ocupam apenas 3,1% das vagas em faculdades em que não existe o sistema de cotas, de modo a confirmar a indispensabilidade desse recurso.        Portanto, é necessária a conservação dessa política como um processo paliativo ao passo em que são adotadas medidas de igualdade. Logo, cabe aos governos municipais criarem bibliotecas públicas que contem com um acervo bibliográfico atualizado, com o fito de universalizar o acesso a materiais didáticos. Outrossim, é conveniente que a mídia, em parceria com o Ministério da Educação, crie campanhas que conscientizem a população acerca da necessidade desse sistema, com o fito de garantir a inclusão social e remediar os erros históricos abordados na literatura Realista.