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Enviada em: 30/10/2018

O conceito de equidade aristotélica carrega consigo a ideia de que o tratamento desigual à parcelas específicas da sociedade-minorias em desvantagens sociais- potencializa a implantação da igualdade. Nesse contexto, tratar os indivíduos mais prejudicados dentro da sociedade de maneira distinta, pode vir a ser algo benéfico desde que a finalidade seja a inserção efetiva desse no meio social.Na contemporaneidade, a política de cotas atua nesse sentido, compondo-se como alternativa de ingresso à universidade- a fim da promoção da inclusão- a grupos socialmente e historicamente afetados.    Em primeiro lugar, é importante destacar que a abolição da escravidão no Brasil, apesar de garantir a liberdade dos negros, não permitiu a desconstrução da segregação sócio racial vigente, uma vez que, não promoveu a inclusão social, o que os deixou a margem da sociedade.Nessa perspectiva, é notório que a ordem escravocrata brasileira, vigorante no país por mais de trezentos anos, deixa suas marcas até a hodiernidade.Exemplo disso, é o baixo número de alunos negros nas universidades, que segundo pesquisas do IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano de 2015 eram de 12,8%, entre jovens de 18 e 24 anos, contra 26,5% de jovens brancos na mesma faixa etária.Desse modo, ações afirmativas como as cotas raciais promovem a inclusão dessa parcela mais vulnerável da sociedade e a reparação histórica do passado sombrio do país.    Ademais, é importante ressaltar que, embora perante a lei sejam todos iguais, existe uma profunda desigualdade social na sociedade brasileira.Jessé de Souza, em seu livro "A Elite do Atraso", defende a existência de uma "ralé brasileira" em que a falta de capital econômico e cultural projetam sobre o indivíduo desvantagens sociais.Nesse sentido, tem-se como exemplo de desvantagem da "ralé", o abismo existente entre a escola pública e a privada, em que a última, possui qualidade superior. Assim, o conceito meritocrático não se faz válido, haja vista que o poder aquisitivo permite o acesso a um ensino de melhor qualidade e, consequentemente, melhor preparo para o vestibular, oque resulta em um processo injusto. Sob essa ótica, as cotas sociais representam o reparo dessa desigualdade, democratizando o meio universitário a maneira que permite a entrada de alunos mais pobres.    Diante disso, percebe-se a importância da valorização às cotas. O governo federal, portanto, deve veicular palestras nas universidades, ministradas por profissionais que se formaram através das cotas, a fim de legitimar a importância dessa política. Adicionalmente, o governo pode também, em parceria com a mídia, exibir propagandas na TV aberta que demonstre os bons resultados que as universidades alcançam através dos alunos cotistas, a fim de desconstruir preconceitos atrelados a essa ação afirmativa. Somente assim, haverão oportunidades justas para toda a sociedade.