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Enviada em: 27/08/2018

Caravanas de ódio       Ao versificar "tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria", o artista Chico Buarque evoca a xenofobia hodiernamente alastrada no Brasil, lugar onde a crise migratória é agravada dia após dia.        De início, é relevante pontuar a aversão popular à entrada de migrantes. Consoante ao sociólogo Émile Durkheim, a coesão social não se estabelece sem a consciência coletiva. Desse modo, a falta dessa consciência acarreta prejuízos severos à ordem pública, cite-se a xenofobia e, consequentemente, a baixa aceitação ao recebimento de refugiados. Decerto, com o fito de garantir os direitos fundamentais desse grupo, é urgente mudar a percepção coletiva.        Em decorrência dessa criminalização social dos migrantes, está a insuficiente apresentações de soluções por parte da comunidade pública. De acordo com o especialista em direito para refugiados Gabriel Bonis, além de combater a xenofobia, as autoridades do país hospedeiro devem adotar medidas receptivas, as quais vão desde o oferecimento de cursos de idiomas até a inserção do grupo no mercado de trabalho. Assim, ações públicas coordenadas são fundamentais na promoção da dignidade humana dos refugiados.        Portanto, cabe aos grupos televisivos a feitura de campanhas publicitárias socioeducativas orientadas a mitigar a xenofobia, ao apontar com veemência o grave custo social dessa prática. Ainda no viés instrutivo, cabe ao Ministério de Educação, em parceiras público-privadas, a promoção, nos centros educacionais, de debates e exposições periódicas acerca da migração, com o objetivo de frear a rejeição em voga. Já ao Ministério de Relações Exteriores, convém a canalização de verbas orçamentárias destinadas à efetivação de serviços essenciais, tais como cursos profissionalizantes para os imigrantes. Em conjunto, essas ações podem combater as "barreiras que retêm estranhos", tanto simbólicas quanto concretas, cantadas por Chico Buarque na música "Caravanas".