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Enviada em: 18/05/2019

O filósofo alemão Arthur Schopenhauner disse que o nosso mundo é o pior dos mundos possíveis. Talvez hoje ele percebesse acertado sua visão: a crise migratório no século XXI representa uma das piores facetas de uma sociedade. Com efeito, é notável um cenário desumano seja pelo aumento de casos de intolerância, seja pela omissão de políticas públicas de assistência aos refugiados.        Em primeiro plano, as desigualdades sociais e culturais reforçam o isolamento dos indivíduos em grupos que não reconhecem no outro um semelhante, mas sim uma ameaça. Sob esse viés, o filósofo Adam Smith afirmava, em linhas gerais, que as ambições individuais levam a nação ao progresso. À vista disso, a ideologia liberalista de Smith não deve ser aplicada no contexto hodierno, pois corrobora ainda mais para um pensamento individualista e intolerante. Assim, tal fato fica perceptível a partir da manifestação contra a presença de imigrantes no país ocorrida em maio de 2017, na Avenida Paulista em São Paulo. Todavia, não é razoável que, episódios de intolerância, principalmente contra estrangeiros, sejam presente mesmo num território considerado como gigante miscigenado.         De outro plano, o legado que a terra tupiniquim seria um lugar hospitaleiro e cordial distancia da realidade. A esse respeito, o pesquisador Gustavo Barreto dilucida em sua obra "Dois séculos de Imigração no Brasil" que imigrantes vindos de países pobres ou em desenvolvimento são, em grande parte, hostilizados e negligenciados pelo Estado. Como prova disso, o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) calcula que cerca de 40 mil venezuelanos estejam em solo brasileiro,muitos de forma ilegal,desnutridos e vivendo nas ruas. Logo, é evidente que os estrangeiros,sobretudo refugiados que saem de seus países de origem em busca de condições melhores, encontram aqui outros desafios: a inação ou ausência de acolhimento e assistências. Contudo, é contraditório que, a nação busque ser considerada desenvolvida, mas mantenha a dignidade do grupo supracitado fragilizada.         Mediante aos fatos expostos, é mister que o Brasil busque mitigar os desafios impostos pela crise migratória. Sendo assim, o Ministério dos Direitos Humanos e instituições sociais, mediante documentários,animações e campanhas publicitárias, devem disseminar conteúdos que desconstruam o preconceito com representantes estrangeiros, com vistas a promover a cultura de tolerância e respeito. Ademais, o Ministério Público, por meio de ações e fiscalizações governamentais, compete fortalecer a Lei de Migração - em vigor desde 2017 -, a fim de garantir o amparo aos refugiados e os direitos básicos de todo ser humano. Dessa forma, tais iniciativas são importantes porque serão espelhos para outros países e, o mundo poder-se-á transformar no melhor do mundos possíveis.