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Enviada em: 28/07/2019

Diante da proibição do tráfico negreiro no século XIX, a Lei Eusébio de Queirós impôs um verdadeiro limite aos lucros dos grandes cafeicultores pelo rápido desaparecimento do negros escravos no campo. Em face disso, uma alternativa para a iminente queda nos negócios foi o incentivo ao trabalho de imigrantes no Brasil, fato que possibilitou a entrada de milhares de italianos, japoneses e alemães em solo nacional. Dentro da atualidade, a questão imigratória ainda se aproxima com os tempos da economia cafeeira, fato que obriga milhares de pessoas a buscar lar em países que continuam insistindo em subjugar povos de origem estrangeira.    Em primeiro lugar, é valido ressaltar que a xenofobia é aval na consolidação desse processo. Em âmbito internacional, a crise imigratória na Europa é um claro exemplo disso: partidos conservadores têm ganhado espaço nas cadeiras em virtude de discursos que incitam um maior protecionismo contra povos mediterrâneos que vivem em regiões instáveis, fato que levou à construção do Muro de Ceuta, na Espanha. Nesse contexto, esses discursos levantam pautas como o puritanismo, identidade e o patriotismo que tem se tornado frequentes em regiões próximas às principais rotas dos imigrantes, panorama que aproxima-se com as cruéis ideologias fascistas e nazistas do século passado.    Ademais, as condições de vida oferecidas a esses povos também são fatores de preocupação acerca da dignidade humana. Assim como nos cafezais, a mentalidade escravocrata dos fazendeiros fez com que os imigrantes fossem expostos à péssimas condições de trabalho e sobrevivência. Nesse mesmo sentido, foi relatado que imigrantes oriundos da atual crise da Venezuela também foram encontrados em situação análoga ao trabalho escravo em propriedades da Amazônia, de acordo com a Anistia Internacional em 2018. Assim, o combate à essa estrutura de exploração se faz importante para garantir que os direitos humanos sejam aplicados a todos os povos do globo.    Infere-se, portanto, que a atual crise migratória necessita de rápidas adaptações para sua resolução. Para isso, é papel do Governo Federal, em conjunto à mídia, ampliar políticas de amparo a imigrantes - de maneira a regular sua entrada no país e a garantir o status de cidadão, portador de direitos e deveres -, por meio da propagação de campanhas solidárias na mídia e da inclusão econômica destes no mercado. Dessa forma, o alcance a um ambiente em que os direitos humanos possam ser respaldados e aplicados possa ser a realidade do país que possui uma das populações mais miscigenadas no mundo. Assim, fazendo valer tais medidas, a trajetória de imigrantes seja mais razoável que a oferecida pelos grandes cafeicultores do século XIX.