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Enviada em: 26/10/2018

A enorme extensão territorial do Brasil, aliada à construção histórica do país, promoveu, a longo prazo, um regime de incentivo ao desenvolvimento estrutural dos Estados litorâneos, sobretudo aqueles localizados no sudeste. Contemporaneamente, tal conjuntura dificulta a fiscalização das fronteiras. Isso se deve, principalmente, à ineficácia da política de separação das polícias e ao descaso estatal.    Em uma primeira análise, a não unificação das forças policiais do Brasil é um desafio para melhoria do monitoramento das fronteiras do país. Isso porque a herança histórica de marginalização das regiões mais internas do território nacional, como o centro-oeste, contribuiu para a facilitação da entrada de drogas e armas por esses locais, o que, ainda hoje, não foi combatido de forma eficaz. Esse cenário persiste devido à falta de um planejamento conjunto das Polícias Militar, Civil e Federal, o que ocorre devido à segregação estabelecida entre essas esferas, fato esse que dificulta a ação da Inteligência brasileira. Nessa perspectiva, o filósofo inglês Francis Bacon afirma que somente em uma sociedade totalmente científica a humanidade poderia viver o seu auge. Dessa maneira, é possível compreender que a unificação das polícias e a inclusão dos mecanismos tecnológicos são necessários para que haja certa coesão entre essas esferas da segurança nacional e seja possível a fiscalização das fronteiras.   Outrossim, segundo o escritor brasileiro Simon Schwartzman, o Estado apropria-se de sua função pública para satisfazer interesses privados. Indubitavelmente, o descaso do Governo no que se refere às medidas de proteção das fronteiras do país estão de acordo com a ideia de Simon. Nesse âmbito, poucos recursos são destinados para o monitoramento dessas divisas pela polícia, o que tem consequências diretas na vida urbana, já que os produtos ilícitos entram com facilidade no país e são revendidos em muitos locais de comércio ilegal. Esse panorama financia a violência nas cidades, o que gera um ciclo vicioso, uma vez que o Estado tenta combater localmente as regiões que comercializam esses produtos, enquanto as fronteiras são esquecidas e a entrada desses itens é constante, o que demonstra a ineficácia do Governo. Tal cenário necessita de uma mudança, visto que dados do IBOPE afirmam que mais de 80% da população acredita que o Brasil está no rumo errado para a superação dos problemas do país. Dessa forma, é inegável que o sistema vigente precisa de uma alteração.      Urge, portanto, que  a presença da polícia nas fronteiras do país seja potencializada. Nesse sentido, o Estado deve promover a unificação das Polícias, criando uma inteligência única e interligada, para que os recursos sejam somadas e o trabalho conjunto dessas esferas promova o melhor monitoramento das fronteiras. Além disso, a utilização da tecnologia a favor da prevenção e fiscalização desses locais deve ser implementada. Com isso, seria possível alcançar o auge proposto pelo filósofo Francis Bacon.