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Enviada em: 30/03/2019

Segundo o dito popular "todos os caminhos levam a Roma". Essa frase faz referência a grande extensão territorial do Império Romano, no qual independente do destino final uma pessoa inevitavelmente passaria pela capital. Analogamente, guardadas as proporções o Brasil faz fronteira com dez países, consequentemente, rodovias, hidrovias e rotas aéreas são trajetos que permitem o acesso ao território nacional. Nesse contexto, surgem desafios relacionados à atuação policial nas fronteiras, tais quais resguardar uma área imensa, com diferentes tipos de relevo e topografia, além de  inibir a entrada de indivíduos que transportam produtos ilegais.   Em primeiro plano, é importante ressaltar que o Brasil está localizado ao lado dos três maiores produtores de cocaína do mundo, a Colômbia, o Peru e a Bolívia, bem como apenas a Ponte da Amizade separa Foz do Iguaçu do Paraguai, país líder na exportação de maconha. Nesse cenário, as organizações criminosas, especializadas no narcotráfico internacional, aproveitam-se da dificuldade que a polícia federal possui para atuar em um vasto território com complexidades naturais, como matas fechadas, terrenos acidentados, rios caudalosos e inúmeras estradas vicinais, para introduzir drogas e armas nas cidades brasileiras. Desse modo, ocorre o fortalecimento de grupos do crime organizado, tais quais o Primeiro Comado da Capital e o Comando Vermelho, o que acarreta o aumento da violência e da dependência química no maior país da América do Sul.   Outrossim, o uso das chamadas "mulas" é outro fator que dificulta o trabalho da polícia federal de resguardar o território. Isso é afirmado, pois as quadrilhas, geralmente, utilizam pessoas que pretendem atravessar a fronteira para levar mercadorias legalizadas e acrescentam, em compartimentos dos veículos os produtos ilegais ou até mesmo estimulam os transportadores a esconderem drogas em seu próprio corpo. Destarte, os traficantes utilizam-se da vulnerabilidade financeira de pessoas que estão desempregadas ou possuem baixos salários para incitá-las a cometer esse delito, como ocorre no filme Maria Cheia de Graça, no qual a protagonista tenta transportar heroína armazenada em seu estômago após ser demitida injustamente de seu emprego.    Assim, a gradeza do território, as dificuldades impostas pela natureza e o uso de "mulas" são desafios enfrentados pela polícia de fronteiras. Diante disso, é importante que o Serviço de Inteligência do Exército, por meio de parcerias com as universidades federais desenvolva tecnologias, como a utilização de drones, com a finalidade de monitorar as regiões de difícil acesso terrestre. Já a Polícia Federal deve, por intermédio de exames de imagem, identificar se os transportadores estão levando drogas nos veículos ou no próprio corpo, com o intuito de evitar a entrada desses produtos.