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Enviada em: 27/06/2018

Filas, correria, leitos em corredores e pessoas morrendo sem atendimento tornaram-se símbolos da saúde pública brasileira, cuja crise, pela qual está constantemente passando, traz como principal vertente o desafio de estabelecer limites entre as responsabilidades do Estado e da população.           Em primeiro plano, vale destacar que o governo detém o dever o de alocar recursos à saúde e garantir que cheguem a seu fim, sem que sofram desvios por corrupção. Como já defendido pelo filósofo francês Thomas Hobbes, a sociedade abre mão de sua liberdade para o Estado e esse, em troca, compromete-se a oferecer serviços básicos como a saúde, que está diretamente ligada ao direito à vida, assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Dessa forma, a população deve exigir saúde de qualidade a todos, assim como a devida prestação de contas por seus governantes.            Por outro lado, é relevante a percepção do papel do cidadão no que se refere à sua própria saúde, visto que, tal como defendido pelo médico brasileiro Dráuzio Varella, cada um é responsável por seu próprio bem estar, e precisa atentar aos cuidados do corpo e da mente. O raciocínio é semelhante ao adotado no modo de produção Toyotista, o qual utiliza manutenções preventivas para evitar custos imprevistos e paralisações nas linhas de produção. Na saúde, o método significaria economizar recursos com procedimentos que poderiam ser evitados, como cirurgias vasculares em pacientes diabéticos que procuram atendimento tardiamente. Sendo assim, os cuidados individuais podem além de poupar verbas, diminuir filas e salvar vidas.            Nesse sentido, urge que o Ministério da Saúde em parceria com a imprensa, oriente a opinião pública por meio de campanhas que levem a sociedade às unidades básicas de saúde, de forma planejada e organizada de acordo com as faixas etárias, a fim de diminuir os atendimentos nas urgências e dar mais chances aos casos mais graves. Outrossim, o Ministério Público Federal deve fiscalizar o uso das contas públicas destinadas à saúde, através de vistorias não agendadas em hospitais, com o objetivo de constatar a frequência dos profissionais, bem como as condições de trabalho do lugar e assim garantir cenários mais acolhedores e esperançosos àqueles que buscarem os serviços de saúde da rede pública.